Monografia sobre as influências das subjetividades na formação da personalidade.
Fundamentos, História e Estudos de Psicologia

Monografia sobre as influências das subjetividades na formação da personalidade.


UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

CURSO DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DAS INFLUÊNCIAS DAS SUBJETIVIDADES NA FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE

LUIZ GUILHERME MENEZES LOPES

2008/2009


LUIZ GUILHERME MENEZES LOPES

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DAS INFLUÊNCIAS DAS SUBJETIVIDADES NA FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Castelo Branco, como requisito para obtenção do certificado de pós-graduação, lato sensu, em Docência do Ensino Superior.

RIO DE JANEIRO – RJ
2009


LUIZ GUILHERME MENEZES LOPES

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DAS INFLUÊNCIAS DAS SUBJETIVIDADES NA FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Castelo Branco, como requisito para obtenção do certificado de pós-graduação, lato sensu, em Docência do Ensino Superior.


Rio de Janeiro, RJ, ______ de _______________ de ________.

Banca Examinadora

Prof MsC Mário Lúcio de Lima Nogueira - Orientador
Profª Drª Ziléa Baptista Nespoli - Coordenadora
Profª MsC Susan Kratochwill

Dedico este estudo à minha esposa Domingas Cardoso da Silva, companheira de longa jornada, e às minhas filhas Vitória da Silva Lopes e Cecília da Silva Lopes, que me despertaram o interesse para o estudo das subjetividades do comportamento humano.

...a infância tem a seu favor, devido à ingenuidade e inconsciência, o poder de esboçar uma imagem mais completa do si-mesmo, do homem total em sua individualidade autêntica. (JUNG; 1962)



RESUMO

A formação dos professores nas áreas da licenciatura no Brasil aparenta certa deficiência com relação ao preparo destes para o cotidiano da sala aula, e digo isso, baseado nas conversas que tivemos com diversos docentes, os quais, em sua grande maioria, afirmam haver um despreparo do corpo docente para lidar com os alunos no cotidiano da sala de aula, a começar pela causas da desmotivação apresentada pelos discentes, ou ainda, pelo desconhecimento que os professores têm da vida e da personalidade de seus alunos, como se desconhecessem as influências do meio e das relações na vida e na história das pessoas.

E o objetivo deste trabalho, tem por fim ressaltar a importância da influência das subjetividades da psicologia na formação da personalidade das pessoas. E as escolas, que têm um papel muito importante no aperfeiçoamento dos professores e na aprendizagem dos alunos, deveriam incentivar o seu corpo docente a dedicar-se à reciclagem dos conhecimentos atinentes à psicologia, e em particular, àqueles referentes às subjetividades, que estão diretamente relacionadas às transformações das pessoas no transcorrer de nossas vidas.

Este trabalho, traz uma sintética apresentação das teorias da psicologia, em pequenos capítulos, cujos conteúdos foram elaborados através de pesquisa bibliográfica em livros de psicologia, filosofia, pedagogia e antropologia, entre outros, com o fim de ressaltar a importância das subjetividades da psicologia, por entendermos que são fundamentais para o entendimento da formação da personalidade. Quanto à justificativa, pensamos que a leitura deste trabalho pode, de certa forma, auxiliar os profissionais da educação a se sentirem mais bem informados sobre a importância das influências das subjetividades na formação da personalidade e, ao mesmo tempo, torná-los mais aptos e mais capazes de compreender os seus alunos, uma vez que todas as pessoas trazem carregam dentro de si angústias, experiências, ansiedades, frustrações, sonhos e expectativas, que de uma maneira ou de outra, acabam interferindo nas relações pessoais e no desenvolvimento da aprendizagem.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................. 8

DESENVOLVIMENTO:

Capítulo 1 - Observações iniciais................................................................................ 12

Capítulo 2 - O cérebro e a mente................................................................................ 15

Capítulo 3 - O pensamento de Platão......................................................................... 20

Capítulo 4 - O pensamento de Sigmund Freud ........................................................... 24

Capítulo 5 - O pensamento de Alfred Adler ............................................................... 28

Capítulo 6 - O pensamento de Abraham Maslow....................................................... 31

Capítulo 7 - O pensamento de Carl Gustav Jung........................................................ 33

Capítulo 8 - O pensamento de Carl Rogers.................................................................. 42

Capítulo 9 - Os pensamentos de Melanie Klein, de Donald Winnicott e de Heinz Kohut................................................................................................................................. 45

Capítulo 10 - O pensamento de Jacques Lacan............................................................ 47

Capítulo 11 - O pensamento de Ana Freud................................................................. 49

Capítulo 12 - O pensamento de Karen Horney............................................................ 52

Capítulo 13 - O pensamento de Wilhelm Reich........................................................... 55

Capítulo 14 - O pensamento de George Kelly............................................................. 57

Capítulo 15 - O pensamento de Erik Erikson.............................................................. 59

Capítulo 16 - O pensamento de Henri Wallon............................................................. 60

Capítulo 17 - O pensamento de Friedrich Nietzsche.................................................... 64

Capítulo 18 - Pós-modernidade...................................................................................... 69


CONCLUSÕES................................................................................................................... 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 77




INTRODUÇÃO

Hoje, deparamo-nos com uma escola que vive uma situação de crise, e entre as suas causas, podemos constatar: a falta de motivação de grande quantidade dos alunos; a resistência dos profissionais da educação às mudanças que se fazem necessárias a um novo processo ensino-aprendizagem; e a inflexibilidade da escola de voltar a sua visão para um novo paradigma que contemple o respeito à individualidade do aluno; entre outras. Mas, devemos abrir os olhos para algumas observações que têm sido alvo de preocupação por parte dos atores envolvidos na educação: trata-se da falta de motivação e do medo da escalada da violência nas escolas. Essas preocupações absorvem parte do tempo das reuniões escolares, tanto de professores, quanto de funcionários, pais e alunos, e podemos dizer, ainda, que elas estão relacionadas às subjetividades da psicologia, pois entendemos que os alunos, assim como todas as pessoas, trazem dentro de si angústias, experiências, ansiedades, frustrações, sonhos e expectativas, que de uma maneira ou de outra, acabam interferindo no desenvolvimento da aprendizagem à qual são submetidos. Essas subjetividades da psicologia serão exploradas nesta monografia em pequenos capítulos, e abordadas através das sínteses dos pensamentos de alguns renomados teóricos da psicologia, da filosofia e de outros estudiosos, que mostram visões de mundo diferentes, e mecanismos variados pelos quais o meio e as pessoas afetam a todos nós, moldando-nos como um ser que vive em constantes transformações. As diferenças comportamentais e a diversidade cultural são produtos das experiências vividas e sofridas pelas pessoas durante o transcurso da vida, e por isso, julgamos importante este trabalho por abordar sinteticamente algumas teorias que possibilitam a todos nós a visualização e a compreensão das diferenças pessoais, culturais e comportamentais.

Nas escolas, são comuns queixas sobre os alunos, e o que mais podemos ouvir, particularmente, são reclamações sobre o comportamento de muitos discentes, de forma a rotulá-los de preguiçosos, desmotivados ou descomprometidos. Afirmo isso, por experiência própria, e lidando no dia-a-dia com professores. E é exatamente por isso, por pensarmos que estes “jargões” estão estreitamente vinculados às subjetividades, e com os pressupostos psicológicos que afetam diretamente a formação da personalidade do sujeito, é que resolvemos dar ênfase à importância das subjetividades na formação das pessoas, e desenvolver este trabalho de um modo muito sintético e de fácil compreensão, como alerta aos professores, pais e interessados em educação sobre o entendimento que todos nós devemos ter acerca da personalidade do aluno, que foi formada ao longo de sua vida. E a escola, tal como a sociedade, deve respeitar as individualidades e compreendê-las, e não resolver, às vezes, reprimir essas diferenças, adotando condutas em favor do pensamento coletivo, padronizado e formatado, com o objetivo de atender as exigências do mercado de trabalho e do Estado. O conhecimento das interferências das subjetividades sobre a personalidade dos alunos, pode ajudar e muito os professores a conduzirem melhor as suas aulas e a compreenderem mais de perto os seus alunos, e de forma que também podem orientar os alunos, à luz dos ensinamentos, a conduzirem melhor as suas vidas na escola, no bairro, na família ou no trabalho.

Os alunos, se melhor compreendidos e orientados pelos seus professores, se sentirão seguramente mais confiantes e preparados para a vida, mais próximos de seus colegas, e terão, na pessoa dos seus docentes, um amigo e conselheiro com os quais poderão contar nos momentos de dúvida, angústia ou ansiedade.

A pesquisa realizada para o desenvolvimento do presente trabalho foi bibliográfica, e em relação aos seus objetivos, ela tem como foco principal a compreensão e a importância das subjetividades na formação da personalidade do sujeito, em função da importância que as emoções, desejos e relacionamentos entre as pessoas incidem sobre a mente das pessoas. Por isso, julgamos conveniente expor nesta monografia a síntese do pensamento de alguns psicólogos, filósofos e outros estudiosos, em capítulos, de modo a ajudar tanto professores, alunos, pais e interessados em educação a enxergarem as diversidades psicológicas como algo que pode auxiliá-los no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem em todos os níveis: superior, médio e fundamental.

Quanto à hipótese, somos de parecer que as observações das subjetividades comportamentais, desenvolvidas sinteticamente nos tópicos a seguir, farão com que todos possamos relembrar algumas teorias da psicologia, da filosofia e da antropologia, despertando em todos nós o interesse para a importância dos desejos, das emoções e dos relacionamentos entre as pessoas, de forma que tanto professores, alunos e funcionários da escola, possam compreender melhor as diferenças pessoais e a contribuir para a diminuição da ocorrência do fracasso escolar, da evasão, da falta de motivação e da violência nas escolas.

Com relação a justificativa do desenvolvimento do presente trabalho, informamos que foram levadas em consideração a importância das subjetividades da psicologia na história de vida das pessoas, e por isso mesmo, julgamos conveniente, para o bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, que o conhecimento das subjetividades comportamentais por aqueles que lidam com a educação, possa contribuir decisivamente para o bom desenvolvimento de um ambiente emocional equilibrado na sala de aula; contribuir muito mais para educação, e despertar o interesse nos leitores deste trabalho para a importância das individualidades das pessoas como produto da história de vida de cada um.

A abordagem utilizada no desenvolvimento do presente trabalho, tem como base a psicologia, a filosofia, a pedagogia e a antropologia, fazendo uso de conteúdos teóricos de vários autores da literatura, abordando as visões de mundo, as relações pessoais, e os dispositivos e os mecanismos psicológicos que afetam a todos nós cotidianamente.



DESENVOLVIMENTO




Capítulo 1
Observações iniciais


O presente trabalho está desenvolvido em pequenas sínteses, abordando os pensamentos de alguns filósofos, psicólogos e outros estudiosos, possibilitando ao leitor, após leitura interpretada e articulada, uma melhor compreensão da diversidade comportamental das pessoas, de forma a auxiliar os profissionais que lidam com a educação e com a diversidade comportamental e cultural demonstradas pelos alunos na sala de aula. Essas subjetividades da psicologia, objetos de estudo nesta monografia, são experiências pelas quais muitas pessoas já passaram na vida, e que foram, lentamente, sendo assimiladas e fazendo parte da personalidade. Conhecendo melhor essas subjetividades, e o modo como elas interferem na personalidade das pessoas, os professores podem incorporar maior capacidade para interceder e melhor orientar os discentes, de modo a conscientizá-los sobre a importância das relações pessoais e da educação no transcurso de suas vidas.

Apenas relembrando os aspectos ressaltados anteriormente no Resumo e na Introdução, o objetivo deste trabalho é o de possibilitar aos leitores o acesso à leitura das subjetividades da psicologia, a fim de alertá-los para a importância que estas têm na formação da personalidade das pessoas, e de forma que os atores envolvidas com a educação possam lidar com maior compreensão e segurança nos relacionamentos com os alunos.

Despertar nossa atenção para essa diversidade cultural e comportamental, é de vital importância neste mundo globalizado. A tecnologia e a comunicação têm aproximado as pessoas, e essa proximidade trouxe também maior possibilidade de conflitos, em razão das diferenças culturais que cada pessoa traz dentro de si. Essas diferenças culturais são divergências de experiências pelas quais as pessoas passaram no transcurso de suas vidas, e que foram aos poucos fazendo parte da personalidade, e que às vezes, quando não compreendidas, podem levar as pessoas aos conflitos e ao estabelecimento de rótulos indesejáveis ao convívio saudável nos relacionamentos humanos.

A escola não é uma “caixa fechada”, alheia a tudo que ocorre lá fora, e por isso, sofre também as mudanças culturais, trazidas pelos atores que participam ativamente da sociedade, trazendo para dentro dos muros das instituições escolares um mundo diversificado, múltiplos comportamentos, diversos modelos de vida e pensamentos diferenciados.

E para compreender essas diferenças, desenvolvemos as sínteses que fazem parte deste desenvolvimento em pequenos capítulos, e que, se devidamente interpretados e articulados, possibilitam a todos os leitores maior compreensão da diversidade cultural e comportamental das pessoas, tornando-os mais capacitados para lidarem com as diferenças.

Todas as sínteses teóricas, estão dispostas nos dezoito capítulos, e abordam assuntos que estão diretamente relacionados à formação da personalidade, e por isso mesmo, podem ajudar a todos nós a compreendermos melhor as influências das emoções, do meio e dos relacionamentos na formação de nossas mentes e nas nossas ações cotidianas, tanto dentro quanto fora das salas de aula.

Em todos os capítulos, foram escolhidos temas e autores que nos ajudam a compreendermos melhor a essência humana, revelando-nos que a origem de muitos fatores comportamentais, sociais e antropológicos estão estreitamente vinculados às relações desenvolvidas entre as pessoas, e entre essas e o meio ambiente. A compreensão das influências dessas subjetividades pode nos ajudar e muito no nosso dia-a-dia, uma vez que os relacionamentos pessoais e as ações humanas sobre o meio possuem origens e influências que foram desenvolvidas no passado e que continuam a ser desenvolvidas no presente.


Capítulo 2
A evolução do cérebro e da mente


Podemos observar na natureza uma variedade imensa de animais que conseguiram desenvolver características ou apêndices corpóreos como presas, garras, carapaças, chifres, peçonhas, tamanho, força, epiderme espessa e outras formas orgânicas que possibilitaram a sobrevivência de suas espécies ao longo do tempo. Na espécie humana, dada a ausência de equipamentos ou apêndices orgânicos que possam lhe auxiliar na sua defesa contra o ataque de outros animais, teve o homem, ao longo de sua evolução, para sobreviver como espécie, que desenvolver outras características que pudessem permitir-lhe a construção de equipamentos ou apêndices artificiais como machados, martelos, atiradeiras, arcos, flechas e lanças.
É impossível pesquisar a origem da cultura humana sem fazer referência à evolução orgânica das espécies, e para isso, procuramos nos estudos do arqueólogo australiano Vere Gordon Childe, observações que apontam a existência de uma estreita relação entre a evolução orgânica das espécies e a cultura desenvolvida pelos seres humanos.

O equipamento e as defesas do homem são exteriores ao seu corpo: pode colocá-los de lado ou usá-los, segundo sua vontade. Sua utilização não é herdada, mas aprendida, de forma lenta, com o grupo social e que o indivíduo pertence. (...). Uma invenção não é uma mutação acidental do plasma germinativo, mas uma nova síntese de experiência acumulada que o inventor herda apenas pela tradição
[1].


O trabalho de V. Gordon Childe nos auxilia no entendimento da evolução do cérebro e da mente na medida em que ele dá ênfase à teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin, e também aos estudos dos vestígios arqueológicos que lhe permitiram levantar a questão da influência do meio ambiente no desenvolvimento da cultura.

Durante as épocas Glaciais várias espécies de homem já existiam, contemporâneas do mamute; caçavam as feras e delas traçavam retratos nas cavernas. (...). Ao invés de sofrerem as lentas transformações físicas que acabaram tornando o mamute capaz de suportar o frio, nossos ancestrais descobriram como controlar o fogo e fazer casacos de peles. (...). Os mamutes transmitiam seus capotes aos filhotes pela hereditariedade. Cada geração de filhos humanos tinha de aprender toda a arte de manter os fogos acesos e de fazer capotes, desde deus rudimentos mais simples.
[2]


Dessa forma, enfrentando as adversidades, as intempéries, os obstáculos e os inimigos, nossos ancestrais puderam sobreviver ao longo dos milênios aprendendo e melhorando a sua cultura, que foi aos poucos desenvolvida e transmitida aos sucessores. As adaptações ao meio ambiente foram determinantes para a sobrevivência de nossa espécie.

Em outras palavras, podemos dizer que nossa espécie humana conseguiu sobreviver ao longo das eras porque a natureza possibilitou a evolução de nosso cérebro, e sem a qual jamais poderíamos ter desenvolvido os artifícios e as técnicas que supriram as nossas deficiências em relação às outras espécies.

Nossa mente, é um conjunto de elementos psicológicos essenciais à natureza humana, e por extensão, à consciência, e pode ser entendida como um conjunto de caracteres como inteligência, sensações, memória, emoção, cognição e controle motor, que tem por finalidade proporcionar ao ser humano o entendimento necessário sobre as coisas e sobre a vida para dar as respostas que meio ambiente exigir. (McCrone, 2002; 10,11,12 e 17)


A mente existe para otimizar o comportamento. Consciência não é contemplação passiva, ela está relacionada com a percepção dos aspectos do mundo que exigem resposta. A função do cérebro é transformar entradas de informações em saídas de informações com o máximo de eficiência. Ele foi feito para agir.
[3]

Nosso cérebro possibilitou a nossa sobrevivência e nos permitiu dar as respostas adequadas para enfrentar e transpor os obstáculos e as imposições que a natureza colocou à nossa frente. Nosso cérebro foi se desenvolvendo na medida em que fomos conhecendo melhor o mundo, e conseqüentemente, formulando padrões de comportamentos para possibilitar a nossa continuidade enquanto espécie.

Todos nós descendemos de ancestrais muito parecidos com os macacos, os denominados “hominídeos”, que viveram a milhões de anos atrás. Esses seres pré-históricos foram se desenvolvendo na medida em que seus cérebros também foram sofrendo um crescimento. Assim, nossos ancestrais possuíam a milhões de anos atrás um cérebro menor que o nosso atualmente. O tamanho do nosso cérebro foi se desenvolvendo na medida em que o homem foi compreendo melhor o mundo que o cercava, e na medida em que a vida foi se tornando mais complexa, sofrendo ao longo do tempo as mutações necessárias que lhe possibilitaram tornar-se mais complexo, dando-nos hoje capacidades de sermos mais perspicazes, inteligentes, racionais e sociais que os nossos ancestrais.

Cerca de 4,5 milhões de anos atrás, uma ramificação dos macacos – os hominídeos – aprendeu a caminhar sobre duas pernas. Havia muitas espécies diferentes de hominídeos que perambulavam pela paisagem africana. Há 1,8 milhão de anos, um deles evoluiu para o Homo erectus, 1,80 metro, robusto, com cérebro três vezes maior que o de um chimpanzé. O erectus era caçador, usava fogo e ferramentas de pedra. [...]. O Homo sapiens apareceu em cena 100 mil anos atrás. (...) a diferença impressionante é que somos uma espécie simbólica. Há 40 mil anos estamos nos sujando de tinta, entalhando, esculpindo figurinos e até decorando nossas cavernas com cenas de caça. Nossos mortos são enterrados com rituais.
[4]

A vida e o mundo que nos cerca são construções muito recentes quando levamos em consideração o tempo da existência humana. O homem ainda não sabe com exatidão o período do aparecimento dos seus primeiros ancestrais, mas as pesquisas mais recentes apontam que nossa espécie surgiu para mais de 4,5 milhões de anos atrás. A informação de o Homo Sapiens ter surgido a cerca de 100 mil anos atrás, e a de que a escrita possa ter aparecido por volta de 4 mil anos antes de Cristo, nos levam a conceber a idéia de que a nossa espécie é muito recente na escala da evolução das espécies, e esses dados, conjuntamente analisados, também nos dão base para afirmarmos que nós fomos por muito mais tempo coletores e caçadores do que civilizados.

A forma de vida atual, na qual podemos encontrar escolas, universidades, aeronaves, telecomunicações, empresas, igrejas, instituições econômicas, cinemas, restaurantes e outros meios modernos, é muito mais recente, e está estreitamente vinculada ao modelo racional de sociedade desenvolvido pelo homem moderno.

Podemos dizer, em outras palavras, que fomos mais tempo “macacos” do que “homens”, e por isso, nossos instintos têm um peso muito grande no nosso comportamento. Dada a relevância dos dados apresentados até aqui, podemos afirmar também que o controle das emoções é uma capacidade adquirida muito recentemente pelo homem, e está estreitamente vinculada com o desenvolvimento da sociedade. Nós, como espécie animal, vivemos muito mais tempo sem o controle das emoções, e por isso, as características humanas daquela época tão longínqua ainda têm uma força e uma presença tão sentida por nós atualmente.

Por mais que nos imponham o controle das emoções, principalmente para lidarmos no dia-a-dia com as pessoas que ombreiam as tarefas desenvolvidas no moderno mundo civilizado, não podemos perder de vista e muito menos esquecer, em hipótese alguma, que nossos genes transportaram-nos características que foram adquiridas lentamente ao longo do tempo na escala de nossa evolução como espécie animal.

Fomos moldados pela natureza, pelo convívio com os nossos semelhantes, pela imposição de comportamentos ditados pela sociedade, e continuaremos avançando ainda mais, tornando o nosso cérebro cada vez mais especializado e mais complexo, mas não podemos perder de vista, que muitas de nossas características são pré-históricas, e ainda permanecem nos nossos genes, tendo um peso muito grande nas nossas ações.

...a seleção atua ao longo de milhares de gerações. Durante 99% da existência humana, as pessoas viveram da coleta de alimentos, em pequenos grupos nômades. Nosso cérebro está adaptado a esse modo de vida extinto há muito tempo e não às recentíssimas civilizações agrí medicina moderna, instituições sociais formais, alta tecnologia e outros colas e industriais. Ele não está sintonizado para lidar com multidões anônimas, escola, linguagem escrita, governo, polícia, tribunais, exércitos, recém-chegados à experiência humana. Como a mente moderna está adaptada à Idade da Pedra, e não à era do computador, não há necessidade de forçar explicações adaptativas para tudo o que fazemos.
[5]



Capítulo 3
O pensamento de Platão


Platão viveu na Grécia entre 428 e 347 aC, numa época em que a cidade de Atenas passava por um período de crescimento econômico comercial acelerado, mas que já mostrava relativa decadência logo após o Século de Péricles, fase de maior esplendor da civilização grega. Nessa época, o governo de Atenas orgulhava-se de sua conduta, julgando-a justa e democrática (Baby Abrão e Mirtes Coscodai, 2003; 46). Platão, que via tudo com desconfiança, presenciou muitos atos de injustiça serem cometidos pelos governantes de Atenas, e uma prova cabal que consolidou a sua descrença no governo deu-se com a condenação de seu mestre Sócrates, em 399 aC, quando foi obrigado por juízes a envenenar-se, sob a alegação de que estava corrompendo os jovens da cidade. Sua morte foi presenciada por assistentes depois de ele mesmo ter ingerido cicuta.

Embora Platão não confiasse nos políticos de Atenas, ambicionara antes da morte de Sócrates a conquista de cargos públicos e ascensão política na Grécia, mas, em face dos acontecimentos e das atitudes do governo, com as quais não concordava, resolveu, depois da condenação de Sócrates, abandonar essa idéia e a dedicar-se exclusivamente à Filosofia. Em 399 aC, fundou a Academia, onde passou a desenvolver os estudos. (Baby Abrão e Mirtes Coscodai, 2003; 47 e 49)

Platão julgava os governantes de Atenas despreparados para a administração pública, e defendia a idéia de que os altos cargos do Estado deveriam ser ocupados pelos cidadãos mais virtuosos e esclarecidos de Atenas, de forma que a sabedoria dos esclarecidos pudesse auxiliá-los nas decisões e nas ações políticas que viessem ao encontro dos interesses dos cidadãos. Para Platão, os filósofos eram os mais capacitados e preparados para tal empreitada. (Seymour-Smith, 2002; 99)

Sócrates estava convencido de que era um homem virtuoso (...). Apesar de ser um pensador independente e considerado por ele mesmo um inseto, considerava a lealdade ao Estado uma grande parte da existência virtuosa. (...). Os gregos da classe pensante acreditavam que um certo tipo de cidadão especialmente treinado e esclarecido deveria estar no controle (como no conceito vindouro de Platão do “Filósofo-Rei”).
[6]

A síntese do pensamento de Platão pode ser muito bem ilustrada na alegoria “A Caverna”, que é uma história que tem por meta ilustrar que a grande maioria das pessoas vive como se tivesse com os seus olhos vendados. O mito conta que um grupo de indivíduos vivia acorrentado dentro de uma caverna escura, iluminada apenas por uma fogueira que estava acesa atrás dos indivíduos. Eles só podiam ver nas paredes da caverna as suas sombras e a de tudo que passava entre eles e a fogueira. Essa era a realidade desses indivíduos, e não conheciam nenhuma outra imagem ou realidade além daquelas sombras. (Baby Abrão e Mirtes Coscodai, 2003; 52)


Para Platão, as sombras no mito da Caverna representavam a vida real. A vida do mundo material. E o mundo que estava situado fora da caverna, onde existiam outras pessoas, a beleza e o amor, era uma vida que podia passar pelas mentes desses indivíduos somente através da imaginação. A vida do lado de fora da caverna era uma vida desconhecida pelos indivíduos que estavam dentro dela. A vida do lado de fora da caverna era a vida ideal, a vida espiritual, a vida da virtude, a vida dos valores eternos.

Platão defendia a visão de que o mundo real era o mundo das aparências, composto por coisas materiais que não passavam de cópias imperfeitas das coisas do mundo espiritual. As coisas realmente importantes para a vida dos indivíduos não se encontravam no mundo material, mas sim no espiritual, onde podemos encontrar Deus, a virtude, a beleza e a justiça (TARNAS, 2003; 17, 18 e 57).

Assim como Sócrates, o filósofo Platão acreditava na reencarnação . (REZENDE, 1998; 51) , e por isso pensava que todos nós estávamos apenas de passagem neste mundo das aparências. Platão condenava o apego do indivíduo ao mundo dos sentidos e dos prazeres sensoriais, por achar que eles eram os grandes causadores do sofrimento humano. Enquanto o indivíduo cultuasse as coisas materiais e dos sentidos, ele jamais conseguiria alcançar a verdadeira felicidade (TARNAS, 2003; 57, 58 e 59)

Hoje, pode-se observar que as pessoas vivem muito em função das coisas materiais, tendo se afastado da idéia de uma vida além da morte. Para muitas pessoas, essa idéia da reencarnação ou da vida espiritual não passa de uma ilusão.

Platão, como Pitágoras, também acreditava na reencarnação. Todos nós já vivemos anteriormente e viveremos de novo. E enquanto isso, nos intervalos, no período depois da morte e antes do renascimento, temos acesso ao reino das Formas e, então, podemos enfim “entender”. (...). Uma vez que retornamos ao reino material, nós esquecemos tudo o que podemos compreender no reino celestial, retendo somente uma consciência turva e perturbadora de que há algo maior que nós mesmos. O mundo dos sentidos e dos prazeres sensoriais inibe o encontro da felicidade verdadeira, porque nos torna mais presos ao mundo real, que não é, de acordo com Platão, a realidade mais elevada.
[7]

As coisas que existem no mundo material, na concepção de Platão, eram apenas cópias das coisas que existiam no mundo das Formas (ou das Idéias). Para ele, todos, concordemos ou não, voltaremos para lá, onde tudo é verdadeiro, justo, belo e virtuoso. O mundo espiritual, ou das Formas, é imutável, eterno, e sempre será superior ao mundo sensível, que é o local onde o homem vive, e onde impera a humanidade destrutiva e as coisas imperfeitas. O homem não se lembra das Formas porque está muito apegado às coisas materiais, que as torna individualista e cego. (TARNAS, 2003; 60)

Tanto Sócrates quanto Platão desconfiavam da democracia, e Platão, em A República, descreve um Estado governado pelo mais sábio de seus habitantes, e onde todos deveriam ser membros contribuintes, e regidos de acordo com os interesses do Estado. Lá, haveria um sistema de classes, onde cada uma teria os seus cidadãos organizados, e onde cada habitante desenvolveria uma ocupação escolhida pelo Estado.

Platão, que herda a todos nós os seus sábios ensinamentos, alerta-nos para a existência de dois mundos; o das Idéias e o das coisas materiais. Segundo ele, retornaremos para o mundo das idéias, pois é lá, o destino de nós, após a morte. Lá, é o local onde se encontram as coisas realmente verdadeiras e imutáveis. Ele também nos esclarece sobre a existência do mundo das coisas materiais, onde impera o sofrimento e a ignorância. O grande legado de Platão, aliás, está contido nas doutrinas religiosas, e que constantemente gera em nossas mentes uma sensação de dúvida, sem sabermos exatamente quais são os reais valores da vida, se os das coisas do mundo material ou os das coisas do mundo do espírito. (TARNAS, 2003; 60)



Capítulo 4
O pensamento de Sigmund Freud


Sigmund Freud viveu entre 1856 e 1939, era neurologista, e tratou durante a sua vida em sua clínica pacientes com histeria. Depois de exames meticulosos, Freud constatou que muitos dos problemas de seus pacientes eram psicossomáticos, uma vez que não apresentavam nenhuma causa física para o aparecimento do sofrimento, mas somente indisposições, que eram causadas por distúrbios. (FADIMANN & FRAGER, 2002; 32). Ele buscava a raiz dos problemas dos seus pacientes através da técnica da hipnose ou conversando com os seus pacientes, mas no diálogo, procurava escutar as pessoas tentando buscar a raiz dos seus problemas. Assim, com ele, surgiu a psicanálise, a escola da psicologia mais influente do século XX. (FADIMANN & FRAGER, 2002; 32)

Freud elaborou uma teoria que abordava o desenvolvimento psicossexual do ser humano, dividindo-o em cinco estágios: o oral, o anal, o fálico, o latente e o genital. Era demasiadamente perspicaz com a questão do inconsciente, e julgava que a nossa parte consciente da mente era apenas como uma ponta de um iceberg, e onde a maior parte do gelo, que está em baixo da água, representasse a parte inconsciente da pessoa. (FADIMANN & FRAGER, 2002; 33, 37, 38 e 39)

Depois de estudar criteriosamente a mitologia, ele observou o chamado Complexo de Édipo nas relações pai-mãe-filho. Afirmou que todos os homens passam nas suas vidas pela fase do Complexo de Édipo interno, quando há uma rivalidade do pai pela atenção da mãe. Ele dizia que os filhos masculinos tentam excluir os pais da relação pai-mãe-filho, sendo evitada, em todo caso, a castração do filho pelo pai. As tensões internas, então, devem ser resolvidas, pois, caso continuem, os traumas aparecem. . (FADIMANN & FRAGER, 2002; 39 e 40)


Freud dividiu a personalidade em três partes: O Ego, que é a parte da personalidade visível, onde existe mais consciência e razão. O superego, que a parte onde se encontram os valores éticos e morais incutidos pelos pais e pela sociedade. E, finalmente, o id, que é a nossa parte instintiva, inconsciente, irracional, sensual e primitiva. É nesta última que reside a libido.
No inconsciente, residem forças ocultas que sacodem as pessoas através das pulsões, e elas são, em sua maioria, de natureza sexual. Esses forças são agressivas, e exigem das pessoas uma resolução. São pensamentos e impulsos que não são revelados, e o inconsciente, sempre age para fazer com que as pessoas possam arrumar um meio de expressá-los. Essas forças encontram-se adormecidas no inconsciente, e quando emergem, são manifestadas e devem ser destruídas imediatamente pelas pessoas. Essas tensões internas devem ser resolvidas, e caso isso não aconteça, o aparecimento de traumas é inevitável. (FADIMANN & FRAGER, 2002; 35, 36 e 37)


De acordo com Freud, as forças inconscientes que clandestinamente nos conduzem são em grande parte sexuais e agressivas em sua natureza. São pensamentos e impulsos que devem ser mantidos em segredo. Contudo, o inconsciente deve encontrar um meio de Expressá-los
[8].

O corpo, que sofre com a tensão provocada pela pulsão, deve ser ter os seus desejos satisfeitos imediatamente, sob pena de o paciente sofrer problemas psicossomáticos no caso da ocorrência de repetições de pulsões não satisfeitas.

O alvo é reduzir a necessidade até que a ação não seja mais necessária, isto é, dar ao organismo a satisfação que agora deseja. A pressão é a quantidade de energia, força ou ímpeto utilizada para satisfazer ou gratificar a pulsão.
[9]

Embora Freud tivesse dado muita ênfase ao fato de que a maioria dos casos de distúrbios mentais tinham origem na insatisfação dos impulsos sexuais, ele não negava, porém, que o comportamento das pessoas na vida adulta era demasiadamente influenciado pelo tratamento recebido pela pessoa durante a fase da infância, particularmente aquele dispensado pelos pais aos filhos pequenos e pela família às crianças. Muitos dos problemas não resolvidos e ocorridos na infância, poderiam ser reeditados ou ter conseqüências problemáticas na fase adulta, e para isso, as pessoas deveriam buscar o tratamento adequado com os psicanalistas.

Os relacionamentos são construídos sobre uma base de efeitos residuais das intensas experiências iniciais. Os encontros amorosos de adolescentes, jovens adultos e adultos, bem como os padrões de amizade e casamento, são, em parte, uma reelaboração de questões infantis não resolvidas.
[10]

Ele concentrou os seus estudos no inconsciente, e em particular nos desejos, nas emoções e nas pulsões, dando ênfase à força das pulsões sexuais na vida das pessoas, e admitiu, também, que os desejos, as pulsões e as atividades sexuais podem ser compensados pelo exercício de outras atividades não ligadas ao sexo, desde que elas causem prazer ao indivíduo. (FADIMANN & FRAGER, 2002; 33, 34 )


O desejo sexual, por exemplo, pode ser aliviado através da atividade sexual, ou também assistindo a filmes eróticos, observando imagens, lendo sobre outras pessoas, fantasiando, comendo, bebendo – até mesmo se exercitando.
[11]



Capítulo 5
O pensamento de Alfred Adler


Alfred Adler nasceu em Viena, Áustria, em 1870, e foi contemporâneo de Freud, e ficou muito conhecido pelo seu postulado do “complexo de inferioridade”. (FADIMANN & FRAGER, 2002; 124)

O desenvolvimento de seu estudo e pesquisas levaram ele a romper com o pensamento de Freud, pelo fato de que o mais ilustre dos psicanalistas dava muita ênfase às pulsões sexuais nas vidas das pessoas. Adler, por sua vez, embora não negasse o peso do sexo na vida dos indivíduos, defendia a idéia de que as expectativas futuras, os planos e as metas nas vidas das pessoas falavam muito mais alto que o sexo (FADIMANN & FRAGER, 2002; 122, 123). As pessoas buscam a sua realização na concretização de seus sonhos e expectativas, uma vez que sofrem muito as influências da sociedade e das coisas que as circundam. A vida é dirigida pelas pessoas de forma a adequar as necessidades do indivíduo ao ambiente, a uma maior colaboração e participação, de forma a ajudar as pessoas socialmente.

O argumento de Adler de que as metas e experiências têm maior influência sobre o comportamento do que as experiências passadas foi um dos maiores motivos de seu rompimento com Freud. (...). Meta de superioridade, ou conquista de seu ambiente. Ele enfatizou tanto o efeito das influências sociais sobre o indivíduo quanto a importância do interesse social
[12]


O psicólogo pensava que, buscando a sua realização pessoal, o sujeito estaria automaticamente ajudando também o todo, o universo social, e assim, acabava influenciando as outras pessoas a agirem de forma semelhante.

A inferioridade que as pessoas sentem, para Alfred Adler, é o grande motor do desenvolvimento pessoal (FADIMANN & FRAGER, 2002; 125), pois dizia ele que a fraqueza que as pessoas sentem em relação à vida e aos problemas impostos pela sociedade, é a grande impulsionadora no rumo do fortalecimento pessoal e social. Ele cita com freqüência, no livro Understanding Human Nature, de 1928, o exemplo das crianças, cujo comportamento demonstra o interesse de aprender porque elas procuram desesperadamente superar as suas fraquezas, limitações e inferioridade, e também, o seu objetivo de conseguir a adaptação ao meio para poderem se desenvolver. Com essa teoria, ele defende a idéia de que todas as pessoas buscam o poder, no sentido de poder se realizar para poder ser feliz.

As crianças são relativamente pequenas e indefesas no mundo dos adultos. Para as crianças, controlar seu próprio comportamento e libertar-se da dominação dos adultos é um interesse primordial. Desta perspectiva, o poder é visto como o primeiro bem; e a fraqueza, como primeiro mal. O esforço para obtenção do poder é a primeira compensação da criança para o senso de inferioridade. Sentimentos moderados de inferioridade podem motivar o indivíduo para realizações construtivas.
[13]


São exatamente os sentimentos de inferioridade, os erros e a agressividade, no sentido de dar impulso à vontade para poder superar, que levam as pessoas ao progresso e à concretização de suas realizações pessoais. Neste caso, é exatamente a visão de mundo que nos afeta, e conseqüentemente, desperta em nós um sentimento de inferioridade que nos impulsiona para a superação dos obstáculos. Cada indivíduo é afetado pelo mundo de uma forma muito particular (FADIMANN & FRAGER, 2002; 127), e assim, via de regra toma como referência essa visão de mundo pessoal para poder escolher o caminho e o modelo para a sua vida. As suas energias são canalizadas para realizar tais sonhos. Os sonhos e desejos não realizados, ou seja, fracassados, causam, às vezes, frustrações e problemas psicológicos. O indivíduo, então, deve lutar para satisfazer os seus desejos e vontades, de forma a tornar-se superior em relação ao estado de fraqueza.

Hábitos e traços de comportamento aparentemente isolados adquirem significado como elemento do estilo de vida e metas do indivíduo, e assim os problemas psicológicos e emocionais devem ser tratados dentro deste contexto.
[14]


Capítulo 6
O pensamento de Abraham Maslow


Abraham Maslow nasceu em Nova Iorque, em 1908, tendo estudado com diversos terapeutas, entre eles Alfred Adler, Erich Fromm e Karen Horney.

Maslow defendia a idéia de que as pessoas só poderiam se sentir completas e felizes se conseguissem exercitar suas capacidades e realizar as suas necessidades (FADIMANN & FRAGER, 2002; 390). Ele idealiza uma pirâmide, onde escalonou o que ele denominou de hierarquia das necessidades, a começar, na base da pirâmide, pelas necessidades fisiológicas, e partir daí, outras necessidades foram sendo escalonadas de baixo para cima, estando situada na segunda camada da pirâmide as necessidades relacionadas à Segurança. Na terceira camada ele situou as necessidades relacionadas à Afiliação e ao amor; na quarta cama, posicionou as necessidades atinentes à Estima; e finalmente, na última camada ele situou a necessidade da Auto-realização. Abaixo, podemos observar que Maslow situou as necessidades mais básicas na base da pirâmide, e as necessidades menos necessárias no topo dela.

­­­­Auto-realização

Estima
___________________________
Afiliação e amor
___________________________________
Segurança
___________________________________________
Fisiológica

Figura 1: A hierarquia de necessidades, de Maslow
Fonte: (FADIMANN & FRAGER, 2002; 388)

A pirâmide mostra que indivíduo tem como premência as necessidades mais básicas, que estão postas na base da pirâmide, e como necessidades menos prioritárias, na seqüência, de baixo para cima, outras necessidades.

Segundo Maslow, um indivíduo pode até conseguir realizar uma necessidade menos prioritária, mas, se ele não conseguir realizar quaisquer das necessidades mais prioritárias, o sujeito enfrentará tensões até as necessidades ainda não realizadas possam ser plenamente atendidas. (FADIMANN & FRAGER, 2002; 390)

De acordo com a pirâmide de Maslow, as emoções e os impulsos, que estão latentes em todas as pessoas, vão sendo melhor controlados pelo indivíduo na medida em ele for galgando as necessidades situadas na parte superior da pirâmide. E o que impulsiona o sujeito para a realização de novas necessidades é a falta, é a necessidade de realizar algo mais. É a realização das necessidades que faz com que as pessoas cresçam e progridam na vida.

Quando os queixosos se frustram por causa da imperfeição do mundo, da falta de justiça, e assim por diante, este é um sinal positivo, pois significa que, apesar de um alto grau de satisfação básica, as pessoas estão lutando por mais aperfeiçoamento e crescimento.
[15]


Os problemas psicológicos, na concepção de Maslow, decorrem da frustração de o indivíduo não ter conseguido realizar as necessidades mais críticas, situadas nas partes inferiores da pirâmide (FADIMANN & FRAGER, 2002; 388, 389). E de maneira oposta, a felicidade é alcançada na medida em o sujeito vai realizando as necessidades, até que surja outra falta, para que o sujeito possa realizar a nova necessidade.

Maslow definia neurose e desajuste psicológico como doenças de deficiência; ou seja, elas são causadas pela privação de certas necessidades básicas, assim como a ausência de certas vitaminas causa doença.
[16]


Capítulo 7
O pensamento de Carl Gustav Jung

Jung é, sem dúvida alguma, um dos nomes da psicologia, tendo vivido entre 1875 e 1961, e muitos profissionais consideram que ele só teve menos influência que Freud na psicologia do século XX.

Embora tivesse sofrido muita influência de Freud e concordasse com grande parte de seu trabalho, teve que seguir o seu próprio caminho como pesquisador quando passou a discordar de Freud com relação à ênfase que ele dava aos traumas sexuais como causas dos distúrbios psicológicos de seus pacientes. (FADIMANN & FRAGER, 2002; 91)

Jung levou adiante a sensação que ele tinha em sua mente desde a fase de sua infância, a de que havia dentro dele dois seres totalmente diferentes, um era o ser que vivia no mundo regido pela força das coisas materiais, que volta e meia tinha que tomar decisões na vida para seguir adiante; e um outro; que era um ser eterno, estável, seguro de si mesmo, que habitava um mundo invisível e espiritual, cuja natureza só podia ser acessada através dos sonhos ou através de contemplações mais profundas sobre a essência das coisas.

Desde a infância, Jun sabia que existiam duas personalidades dentro dele. Uma era o filho do pároco local, inseguro e indeciso. A outra era um velho sábio, “cético, desconfiado, distante do mundo dos homens, mas próximo da natureza, da terra, do sol, da lua, do tempo, de todas as crianças vivas e, sobretudo dos sonhos e de tudo que 'Deus' operasse diretamente nenê”.
[17]

Afirmava que todas as pessoas tinham a mesma sensação, e que elas só refletiam sobre essa dupla existência quando essas personalidades entravam em conflito. Uma personalidade estava presa demais ao mundo material, e constantemente sofria os abalos provocados pelos problemas que a vida impunha; e a outra, era uma personalidade mais próxima da essência da natureza.

A leitura do livro A interpretação dos Sonhos, de Freud; a investigação das mensagens escritas por um primo seu, que era médium; as suas próprias experiências oníricas; e a sensação de que habitava dentro de sua mente um velho sábio, levaram Jung a realizar uma pesquisa para tentar compreender as influências desse mundo “oculto” na vida das pessoas, de forma que o conjunto de grande parte dos dados obtidos com essa pesquisa pudesse dar um corpo à sua tese sobre psicologia.

Ele percebeu que a psiquiatria em especial envolvia tanto a perspectiva científica quanto a humanista. Jung também desenvolveu o interesse pelos fenômenos psíquicos e começou a investigar as mensagens recebidas por seu primo, um médium da comunidade. Esta investigação tornou-se a base de sua tese “Sobre a psicologia e patologia dos chamados fenômenos ocultos”.
[18]

Jung já estava na sua fase senil quando veio a sofrer com os problemas de saúde. Em 1944, quando estava com 69 anos de idade, depois de ter chegado à beira da morte após ter sofrido um problema cardíaco, teve, no leito hospitalar, uma experiência que lhe possibilitou a sensação de que esteve fora de seu corpo enquanto esteve inconsciente. Essa experiência, que o ajudou a consolidar a sua visão sobre a vida, o tornou ainda mais convicto da existência desse mundo oculto, embora ele jamais tenha conseguido provar tal existência.

O descompasso entre as duas personalidades, a do mundo material e a do espiritual, leva algumas pessoas a pensar sobre o modo de vida que devem levar no transcurso de suas existências. A dedicação exclusiva das pessoas às sensações da vida material, e o esquecimento dos valores desse mundo oculto que habita dentro de cada de nós, segundo Jung, é que trazem a muitas pessoas dificuldades para levar a vida adiante.

Jung defendia a idéia de que esta personalidade, na qual habitam os instintos, e que às vezes é esquecida por nós pelo fato de ela não estar vinculada ao mundo material, quando ocorre, o seu abandono pelo fato de nós a relegarmos a um segundo plano, em função das subjetividades que ela transporta, pode nos trazer, como conseqüência, problemas de ordem psicológica. Baseado nesses aspectos, Jung foi, aos poucos, desenvolvendo as suas próprias teorias sobre os processos inconscientes; sobre os símbolos oníricos, e sobre a influência destes na vida das pessoas.

Em última análise, a maioria de nossas dificuldades se deve à perda de contato com nossos instintos, com a antiga sabedoria não-esquecida armazenada em nós.
[19]

Em Tipos Psicológicos, de 1921, Jung dá ênfase à idéia da existência de dois tipos de sujeitos: os introvertidos e os extrovertidos. As pessoas que se enquadram no primeiro tipo, podem ser caracterizadas por suas ações mais introspectivas, interessando-se mais pelo seu mundo interior, onde habitam os pensamentos e os sentimentos. As pessoas introspectivas não se sentem muito confortáveis quando são submetidas às provas e às relações mais estreitas com o mundo exterior, e evitam, sempre que possível, o contato com as pessoas, preferindo pautar a sua vida de forma solitária. Como o mundo exige de todos nós uma relação interpessoal, por estarmos geralmente submetidos ao trabalho em equipe, os extrovertidos passam a levar certa desvantagem no mercado de trabalho em relação aos extrovertidos, principalmente se levarmos em consideração a necessidade que as empresas têm de manter contato com os seus clientes. Alguns estereótipos podem caracterizar bem os introvertidos: os filósofos, os cientistas; os monges e outros tipos.

Os extrovertidos, por sua vez, são tipos mais vinculados ao mundo exterior, possuindo características que lhes permitem melhor adaptação ao convívio social e ao mercado de trabalho voltado para a venda de produtos e serviços.

Nenhum tipo é melhor do que outro, apenas possuem características diferentes que são levadas em consideração pelas pessoas, pelas empresas e pelo mercado.

Os introvertidos interessam-se sobretudo por seus próprios pensamentos e sentimentos, seu mundo interior; eles tendem a ser introspectivos. Um dos perigos para pessoas deste tipo é que, à medida que ficam imersas em seu mundo interior, podem perder o contato com o mundo ao seu redor. O professor distraído é um exemplo claro, talvez estereotipado. Os extrovertidos estão ativamente envolvidos no mundo das pessoas e das coisas; tendem a ser mais sociáveis e mais conscientes do que está acontecendo à sua volta.(...). O executivo severo que não tem compreensão de sentimentos ou relacionamentos é um clássico estereótipo de extroversão desequilibrada.
[20]


Jung enfatizava a idéia de que os conteúdos do inconsciente não são conhecidos pelas pessoas (FADIMANN & FRAGER, 2002; 96). Afirmava que os seus conteúdos não são lembrados pelo fato de que são compostos por percepções dolorosas ocorridas no passado de cada pessoa, e por isso, foram retiradas dos da consciência dos indivíduos. O inconsciente contém também conteúdos da personalidade que jamais foram revelados à consciência.

Ele dividiu o inconsciente em duas partes: o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. O inconsciente pessoal é caracterizado por conteúdos relacionados à experiência particular vivida por cada um de nós, individualmente, e, embora esses conteúdos estejam escondidos em nossa mente, eles permanecem protegidos por meio de bloqueios que não nos permite o acesso até eles. O inconsciente coletivo, por sua vez, é o conteúdo psíquico de não foi formado pela experiência pessoal, mas sim por muitas pessoas, por muitas gerações, por muitas culturas através dos tempos. O inconsciente coletivo é único, e existe em todas as culturas e em todas as mentes. Ele é resultado das experiências comuns pelas quais passam todas as pessoas, e começou a ser construído desde o nosso período pré-histórico, desde os tempos mais remotos, com as experiências vividas pelos nossos ancestrais, inclusive pré-humanos, e continua a sendo construído por tudo aquilo que é comum a todas as pessoas (FADIMANN & FRAGER, 2002; 97). Ele afirma, ainda, que esses conteúdos coletivos foram os chamados arquétipos, que são imagens e representações que estão mais vinculadas aos instintos do inconsciente coletivo. Embora inconscientes, eles influenciam decisivamente o nosso comportamento.
O inconsciente coletivo, que resulta das experiências comuns a todas as pessoas, também inclui material de nossa genealogia pré-humana e animal. Ele é a fonte de nossas idéias e experiências mais poderosas. Jung sugeriu que existe um nível de imagens no inconsciente comum a todas as pessoas. Ele também descobriu uma íntima correspondência entre os conteúdos oníricos dos pacientes e os temas míticos e religiosos encontrados em muitas culturas amplamente dispersas.
[21]

A nossa personalidade é também composta por arquétipos: o ego; a persona; a sombra; a anima (nos homens); o animus (nas mulheres) e o self.

O ego é a parte central de nossa consciência, e que tenta nos encaminhar ao longo de nossa vida cobrando de nós um plano e uma análise consciente de nossas experiências (FADIMANN & FRAGER, 2002; 98) . Ele é formado por conteúdos conscientes decorrentes de nossas experiências pessoais, por isso ele requer de nós um planejamento e uma análise antes que nós tomemos uma decisão, por exemplo.

A persona, que é outra estrutura da personalidade que é composta pelos nossos papéis sociais, pelo caráter que assumimos diante dos outros e da sociedade (FADIMANN & FRAGER, 2002; 100). A persona, neste caso, é como se fosse uma máscara, porque nos força a representar e a desenvolver um papel que às vezes não tem nada a ver com o seu íntimo, com a sua alma, com a sua anima (alma masculina). A persona nos impele a agirmos de acordo com os protocolos, e a atender as exigências da sociedade, das instituições, da família e das pessoas em geral. Viver a persona é o mesmo que abandonarmos a nossa essência, as nossas emoções e nossos desejos mais íntimos em favor do desempenho de posturas alheias ao nosso interior.

A sombra, e a estrutura onde podemos encontrar tudo aquilo que foi descartado pela nossa consciência (FADIMANN & FRAGER, 2002; 100). Os conteúdos da sombra são rejeitados pela consciência pelo fato de serem pensamentos, emoções e desejos incompatíveis com a persona. Nela podemos encontrar nossos instintos animais. A sombra é composta por conteúdos contrários aos padrões da sociedade.

Cada porção reprimida da sombra representa uma parte de nós mesmos. Quando mantemos este material inconsciente, limitamos a nós mesmos. À medida que nos tornamos mais cônscios da sombra, recuperamos partes anteriormente reprimidas de nós mesmos.
[22]


A anima no homem e o animus na mulher são as estruturas carregadas de materiais psíquicos inconscientes, que podem ser identificados pelas características da imagem idealizada do sexo oposto.

Todo homem leva dentro de si a imagem eterna da mulher, não a imagem dessa ou daquela mulher particular, mas uma imagem feminina definitiva. Esta imagem É [...] uma estampa ou “arquétipo” de todas as experiências ancestrais da mulher, um depósito, por assim dizer, de todas as impressões já feitas pela mulher.[...]. Uma vez que esta imagem é inconsciente, ela está sempre inconscientemente projetada na pessoa amada, e é um dos principais motivos de atração ou aversão apaixonada.
[23]

Jung enfatiza a idéia de que tanto os conteúdos da consciência como da inconsciência são importantes para o equilíbrio psíquico do ser humano, e por isso, ele recomenda a todos nós para darmos mais atenção às vontades e à força dos nossos instintos, uma vez que eles têm importância fundamental na vida de todos nós. Muitos dos problemas psíquicos que as pessoas possuem hoje neste mundo moderno decorrem do abandono das vontades dos instintos. Jung, (...), ele considerava a perda do contato com os instintos um sintoma da patologia da modernidade.
[24]

Finalmente, o self, que Jung entendia como a estrutura da personalidade formada pelo conjunto de elementos psíquicos conscientes e inconscientes. Em resumo, o self á a totalidade da pessoa.

Com relação aos sonhos, ele salientava que se tratava de um mecanismo que, através do qual, nossa inconsciência buscava o nosso equilíbrio psíquico, dando vazão aos nossos desejos instintuais e revelando alguns dos arquétipos inacessíveis à consciência. Os sonhos, em resumo, tem a função de nos proteger, ou realizando alguns dos desejos primitivos ou revelando arquétipos inacessíveis à nossa consciência.

Assim como Freud, procurava através da análise dos sonhos as causas dos problemas psíquicos de seus pacientes. Essa, era uma das vias utilizadas pelo psicólogo para proceder o tratamento adequado à aqueles que o procuravam.

Ele salientava a função protetora dos sonhos. Uma grande parte de nossas imagens oníricas parecia ser o produto de um espírito benfazejo, que nos protege. A associação de idéias da consciência, nos sonhos, era diferente da associação mental que acontecia com a pessoa acordada, e oposta a esta.
[25]


Os estudos desenvolvidos por Jung sobre o inconsciente coletivo é repleto de arquétipos (FADIMANN & FRAGER, 2002; 97), e estes, por sua vez, são símbolos que foram aos poucos sendo revelados, assim como o conjunto deles, que é o inconsciente coletivo, pelas experiências oníricas e os relatos correspondentes dos pacientes do psicólogo, e pelas visitas de estudo realizadas por Jung a vários locais para verificar a existência de fenômenos semelhantes em culturas diferentes. Suas experiências oníricas também serviram como fontes do seu estudo. A conclusão que ele chegou sobre o inconsciente coletivo foi a de que o fenômeno existe em todas as culturas e nos diversos estágios de desenvolvimento cultural, e é único para todas as culturas.

O afastamento do homem do inconsciente coletivo pode trazer transtornos mentais, e isso ficou constatado nos seus estudos e nas experiências clínicas que teve com seus milhares de pacientes.
Podemos dizer, de outra forma, que o pensamento de Jung possui alguns pontos que convergem com o pensamento de Charles Darwin, que elaborou a teoria da Evolução das Espécies, uma vez que o biólogo britânico defende a idéia de que nós trazemos no nosso corpo equipamentos orgânicos melhor adaptados que nos preservou como espécie até o presente momento. Jung, por sua vez, quando defende a idéia de que nós trazemos os instintos do passado, escondidos na estrutura inconsciente da nossa mente, ele também está querendo dizer que a nossa mente preserva particularidades primitivas porque elas colaboraram para a nossa sobrevivência da nossa espécie, e por isso, todos nós trazemos essas particularidades.

O corpo tem uma pré-história anatômica de milhões de anos – o mesmo acontece com o sistema psíquico. O corpo humano atual representa em cada uma de suas partes o resultado desse desenvolvimento, transparecendo etapas prévias de seu presente; o mesmo acontece com a psique.
[26]



Capítulo 8
O pensamento de Carl Rogers


Carl Rogers elaborou sua teoria dando ênfase à experiência individual de cada sujeito (FADIMANN & FRAGER, 2002; 359). Para ele, somente a pessoa pode conhecer verdadeiramente as suas experiências de vida. E pautado nessa premissa, que ele afirma que as próprias pessoas devem decidir sobre as suas ações a adotar em suas vidas com base nas experiências passadas, na visão do presente e nas perspectivas futuras. Cabendo somente ao indivíduo, portanto, o poder de decisão, com a finalidade de conseguir alcançar os seus objetivos pessoais.

O self é entendido por Rogers como a parte da identidade pessoal, que o indivíduo tem de si mesmo, e que representa todo o seu passado, presente e perspectivas futura, estando sujeito a constantes mudanças, que devem ser feitas por decisão exclusiva do sujeito (FADIMANN & FRAGER, 2002; 359).

Carl Rogers é convicto em afirmar que todos nós somos potencialmente propensos ao crescimento pessoal, e à auto-realização, uma vez que somos movidos com o objetivo de atingirmos o self ideal, que é aquela identidade que temos como meta para nossa vida e nosso futuro (FADIMANN & FRAGER, 2002; 359). As pessoas se esforçam porque tentam alcançar o self ideal. O self ideal não pode ser muito diferente do self real, e tem que estar ao alcance do sujeito, sob pena de o indivíduo viver frustrações ou problemas psicológicos no caso de não conseguir alcançar os seus objetivos.
Rogers conclui que em cada um de nós existe um impulso natural para sermos o mais competentes e capazes que biologicamente pudermos ser. Assim como uma planta cresce para se tornar uma planta saudável, e uma semente contém de si o impulso para tornar-se uma árvore, também uma pessoa é compelida a tornar-se uma pessoa inteira, completa e auto-realizada.
[27]

Os relacionamentos são muito importantes, na medida em que podem ser vistos como um termômetro e indicativo que o sujeito está conseguindo atingir o seu self ideal. As atitudes e as palavras das pessoas com quem o sujeito se relaciona funcionam como um feedback dos atos que o sujeito tem decidido para sua vida.

Os relacionamentos são necessários para descobrir o self. Rogers acredita que os relacionamentos capacitam o indivíduo a diretamente descobrir, desvelar, experimentar ou confrontar seu self real. Nossas personalidades tornam-se visíveis a nós sobretudo através do relacionamento com os outros. Em terapia, em situações de encontro e nas interações diárias, o feedback dos outros nos oferece oportunidades de nos experimentarmos.
[28]

Ele nos alerta, ainda, que não devemos fazer as coisas só porque as pessoas ou a sociedade exige, e sim, que tudo que fazemos deve partir de uma escolha e de uma decisão pessoal, baseada na sua própria história de vida, na sua visão de momento e nas suas esperanças futuras. As pessoas devem ser verdadeiras, caso contrário, estarão enganando a si mesmas.

As experiências negativas do passado podem, para Rogers, influenciar nas atitudes do presente, mas, diz ele, que esses problemas que causam prejuízos podem ser colocados de lado, e a vida, na medida em que a pessoa vai crescendo, vai amenizando o sofrimento até que possa reduzir ao máximo o seu impacto. (FADIMANN & FRAGER, 2002; 364)

A terapia centrada no cliente se esforça para estabelecer uma atmosfera em que as condições prejudiciais de valor possam ser postas de lado, permitindo assim que as forças de saúde, que Rogers considera naturais, retomem seu domínio original.
[29]


Capítulo 9
Os pensamentos de Melanie Klein, de Donald Winnicott e de Heinz Kohut


Melanie Klein, é uma psicóloga vienense que viveu entre 1882 e 1960, e cuja teoria, de sua autoria, pode ser resumido na idéia de que nossa relação com o mundo é produto das relações no nosso passado, no período infantil, com pessoas com às quais foram construídas relações de amor ou de ódio. As relações com as pessoas com quem primeiramente tivemos contato, como os nossos pais ou pessoas de estreita ligação, foram internalizadas na medida em que momentos bons ou ruins foram sendo desenvolvidos ao longo da vida infantil FADIMANN & FRAGER, 2002; 68, 69).

Uma criança internaliza as relações amorosas de sua mãe, na medida em esta lhe dá o peito para mamar FADIMANN & FRAGER, 2002; 69). A mãe demonstra amor, dedicação, carinho e cuidado com o seu bebê, e este, percebendo o sentimento de sua mãe boa e carinhosa, internaliza os bons fluidos da relação mãe-bebê, que possibilitará, no futuro, na vida adulta, uma relação saudável com o mundo e com as pessoas com às quais poderá conviver. Entretanto, a forma contrária poderá também ocorrer, pois, sendo ruim a relação mãe-bebê, os sentimentos e os fluidos não benéficos à relação podem ser percebidos pelo bebê como sentimento de abandono ou de rejeição por parte de sua mãe, aumentando grandemente as chances de ele vir a desenvolver na sua vida adulta uma relação muito problemática com as pessoas de seu convívio. Nesse sentido, Melanie Klein defendeu a idéia de que uma vida saudável na fase adulta depende grandemente da vida saudável que a pessoa levou na fase infantil.

“Sentir os pais como se fossem pessoas vivas dentro de seu corpo da mesma maneira concreta que profundas fantasias inconscientes são vividas. Isto é, se esses pais 'internos' se amam, se vivem em harmonia, desse mundo interior brota, de forma viva, um princípio de ordenação que ajuda a transformar o caos interior em cosmos. Por outro lado, se estão em guerra, em litígio, o caos se adensa e se aprofunda.”
[30]

Donald Winnicott nasceu em Plysmouth, na Inglaterra, e viveu de 1896 a 1971. O pensamento dele assemelha-se muito à idéia de Melanie Klein. Donald, entretanto, concordando com Melanie no aspecto de que o bebê precisa de uma mãe carinhosa e preocupada, acrescenta, ainda, que a mãe necessita de ajuda para poder ser boa mãe para o bebê, e que essa ajuda cabe ao pai, que a ela deve dar toda a assistência necessária. Donald Winnicott defende a idéia de que toda boa mãe é auxiliada por um bom pai. Assim, auxiliada pelo seu marido, pode a mãe dedicar-se exclusivamente ao seu bebê, que necessita de amor, carinho e compreensão FADIMANN & FRAGER, 2002; 71).

Heinz Kohut viveu entre 1913 e 1981, e seu pensamento pode ser resumido na idéia de que a personalidade do sujeito é desenvolvida no aspecto do espelhamento. O indivíduo julga-se ser aquilo que a sua mãe achava que era, e essa visão de si mesmo foi sendo aos poucos construída ao longo do tempo em que conviveu com os pais, tomando conhecimento pelas palavras que eles lhes eram dirigidas (FADIMANN & FRAGER, 2002; 73).


Capítulo 10
O pensamento de Jacques Lacan


A professora Alice Beatriz B. Izique Bastos, da PUC de São Paulo, que aborda a constituição do sujeito em Lacan, explica bem o início do psiquismo do ser humano quando comenta a posição de Lacan sobre o estádio do espelho (BASTOS, 2003; 103), afirmando que, ao colocarmos uma criança diante do espelho, ela irá introjetar a imagem que está vendo como sendo aquela que foi construída pela visão de seus pais. A imagem da criança, então, é a visão que os pais têm dela, cuja imagem foi construída com palavras e demonstrações de afetividade. (BASTOS, 2003; 103)

Os filhos pequenos são, na visão de Lacan, aquilo que os pais acham que elas são. Neste aspecto, os pais têm que ter o cuidado no relacionamento com a criança, uma vez que as palavras e atos dirigidos a elas serão assimiladas como sendo características e particularidades delas próprias. A criança ainda não consegue analisar os fatos, e portanto, ela irá aceitar e assimilar a visão de seus pais, que são as pessoas com que ela mais de relaciona.

.... A criança não projeta no espelho a sua imagem, e o que ela vai introjetar é a imagem que a própria família construiu para ela. Com isso quero dizer que o que vai ser determinante na imagem especular é o seu caráter ilusório, falso, contornado pelos desejos e ideais alheios. É essa identidade alienante que marcará o psiquismo da criança, na medida em que ela vai ocupar o lugar do desejo dos pais e ao introjetar a imagem especular, ela passa a assumi-la como se fosse sua.
[31]


Outra visão do eu, que na vida pós-moderna tem sido explorada demasiadamente pelas instituições vinculadas ao mercado, pode ser exemplificada através do uso e da exploração de modelos e imagem de homem e mulheres por órgãos de propaganda, filmes, revistas e outras maneiras. As academias de musculação podem ser descritas como um bom exemplo para reforçar a imagem do eu idealizada pelos outros, pois, ao olharem-se nos espelhos das academias, as pessoas inconscientemente estão mostrando que introjetaram a imagem imposta pela mídia aos consumidores, e estão admitindo que desejam ficar os seus corpos perfeitos. A referência, nesse caso, é o modelo de corpo musculoso e “sarado” exaustivamente explorado pela mídia.
Outro desdobramento da definição lacaniana do eu é que ele se constitui como objeto, tornando-se, assim, a sede de todas as identificações imaginárias. A quantidade de vezes que os adultos se olham no espelho revela a constante necessidade de reassuguramento da imagem. As academias de ginásticas, as cirurgias plásticas, os cosméticos, os tratamentos estéticos etc. nada mais são que utensílios a serem usados pela ditadura da moda para impor um corpo belo e sadio.
[32]


Assim, a professora Beatriz Izique Bastos comenta que Lacan expõe o seu pensamento no sentido de afirmar que nós somos aquilo que plantaram e incutiram em nós (BASTOS, 2003; 103, 104, 105), sendo o nosso inconsciente estruturado como uma linguagem, seja por meio das relações com os integrantes do meio familiar, da escola, da rua, do bairro ou de outro lugar, ou ainda, por intermédio da mídia.

Com relação a educação, a professora Beatriz menciona que Lacan defendia a idéia de que os educadores deixem a criança se desenvolver por meio das suas próprias vontades e desejos, pois, só assim elas podem ter voz própria (BASTOS, 2003; 121)

Tanto a família como os educadores “jogam” suas expectativas em cima das crianças, que precisam ter chance de escapar desse aprisionamento, ou mesmo da classificação dos estágios de desenvolvimento, para assim poderem ter uma fala própria. A mesma criança boazinha precisa ter espaço para poder ser diferente.
[33]


Capítulo 11
O pensamento de Ana Freud


Ana Freud, que viveu de 1895 a 1979, era a filha caçula de Sigmund Freud, e basicamente deu seqüência ao trabalho de seu pai (FADIMANN & FRAGER, 2002; 61,62,63).. O pensamento dela pode ser resumido no livro O Ego e os mecanismos de defesa, publicado em 1936. Antes desta publicação, a atenção da psicanálise estava voltada para o Id e para as pulsões sexuais, passando, a partir deste livro, a centrar o seu olhar mais o para o Ego.

Embora o fato de ter trabalhado com crianças pequenas fosse por si só um desenvolvimento radical das investigações originais de seu pai, ele foi eclipsado pela publicação em 1936, de seu livro mais importante, O Ego e os mecanismos de defesa. Antes do surgimento deste livro, o pensamento psicanalítico concentrava-se sobretudo no id e nas pulsões sexuais. Depois dele, tanto a teoria quanto o tratamento incluíam mais atenção às atividades diárias dirigidas pelo ego ou em seu âmbito.
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Neste livro podemos verificar que Ana Freud dá ênfase aos mecanismos de defesa, afirmando que eles devem ser bem exercitados conscientemente para poder tornar a vida agradável, e às vezes, mais promissora. E quando os mecanismos de defesa não funcionam adequadamente, os indivíduos correm o risco de serem perturbados por distúrbios neuróticos.

Defesas utilizadas com consciência e auto-compreensão tornam a vida mais tolerável e mais bem-sucedida. Entretanto, quando as defesas obscurecem a realidade e obstruem nossa capacidade de funcionar, tornam-se neuróticas e seus efeitos são prejudiciais.
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Ana Freud descreve os mecanismos de defesa como sendo: a repressão; a negação; a racionalização; a formação reativa; a projeção; o isolamento; a regressão e a sublimação. Ela afirma, ainda, segundo os psicólogos James Fadimann e Robert Frager, que todos os mecanismos de defesa bloqueiam a ação dos instintos, com exceção da sublimação (FADIMANN & FRAGER, 2002; 63)..

As pessoas devem conduzir as suas vidas em constante alerta, uma vez que ao menor indício de uma recaída ou obstrução das capacidades, os mecanismos devem ser colocados novamente em ação para bloquear os impulsos instintuais.

Adiante, segue uma descrição bastante resumida de cada mecanismo de defesa citado por Ana Freud (FADIMANN & FRAGER, 2002; 63 a 67): a repressão tem por fim expulsar da consciência aquilo que potencialmente estiver causando ansiedade na pessoa; a negação é uma fuga sem fugir do real, construindo uma história fantasiosa em torno daquilo que esteja incomodando o indivíduo; a racionalização é a construção de argumentos racionais para tornar tênue ou compreensível aquilo que estiver perturbando o sujeito; a formação reativa é um mecanismo que o sujeito desenvolve para amortecer os impulsos instintuais através de conceitos morais; a projeção é a reprodução das nossas subjetividades nas outras pessoas ou no meio, como sendo elas ou o meio os portadores de tais subjetividades; o isolamento é separação ou a compartimentação em pequenos pedaços da idéia que estiver incomodando o sujeito, tornando-a mais amena ou solúvel; regressão é a volta no tempo, em direção à fase que o sujeito estava quando ocorreu o problema; e finalmente, a sublimação, é o redirecionamento da energia psíquica para outros objetivos, com a finalidade de inibir ou compensar os impulsos que estão perturbando o sujeito.

Cada mecanismo de defesa tem por objetivo canalizar a energia do sujeito com a finalidade de satisfazer o ego, fazendo-lhe despertar a atenção para outros interesses.

Até mesmo pessoas saudáveis e bem-adaptadas fazem regressões de tempos em tempos a fim de reduzir a ansiedade, ou, como costumam dizer, aliviar a pressão. Elas fumam, embebedam-se, comem demais, perdem a paciência, roem as unhas, coçam o nariz, infringem leis, falam como bebês, destroem propriedades, masturbam-se, lêem histórias de mistério, vão ao cinema, envolvem-se em práticas sexuais incomuns, mascam chicletes e tabaco.....
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Capítulo 12
O pensamento de Karen Horney


A médica Karen Horney nasceu na Alemanha, e viveu entre 1885 e 1952. Embora ela tenha sido muito procurada como analista, A maior parte de suas teorias foi fundamentada basicamente nas suas próprias experiências de vida (FADIMANN & FRAGER, 2002; 145)..

Ela se sentira totalmente rejeitada pelo seu pai durante a sua infância e adolescência, e por isso, na fase adulta, começa a esboçar o início do que seria o corpo de suas teorias, julgando que os homens, nas relações com as mulheres, demonstram interesse por elas somente no início do relacionamento, em função dos impulsos que o levam a conquistá-la para atender aos seus desejos sexuais (FADIMANN & FRAGER, 2002; 149).. Depois da conquista, Karen Horney julgava que os homens se lançavam à entrega do amor (FADIMANN & FRAGER, 2002; 150)., evitando lançar-se às emoções. Esses problemas familiares, interferem, então, na vida das pessoas, e podem trazer, às vítimas atormentadas nos relacionamentos, os conseqüentes distúrbios neuróticos.

Outra diferença importante entre Horney e Freud é que, enquanto para Freud as experiências decisivas da infância são relativamente poucas e em sua maioria de natureza sexual, para Horney o somatório das experiências da infância é responsável pelo desenvolvimento neurótico. As coisas dão errado em função de todos os eventos e indivíduos na cultura, nas relações com os pares e especialmente na família, que fazem a criança se sentir insegura, desamada e sem valor e que dão origem à ansiedade básica.
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Para que todos possam viver melhor a vida, argumenta ela, temos que viver os nossos problemas, desejos e emoções, e não os dos outros. Assim, Karen Horney enfatiza a influência do meio na vida psíquica das pessoas (FADIMANN & FRAGER, 2002; 153)., ressaltando a idéia de que algumas pessoas sofrem na vida pelo fato de não viverem as suas próprias vidas e por alienarem o seu eu real.

Nas relações familiares, torna-se imprescindível a presença de um ambiente onde possa reinar a afetuosidade, de forma que todos os membros da família possam sentir-se amados. Sem esse ambiente, o terreno domiciliar se torna fértil para e propício ao aparecimento de problemas psíquicos dentro da família.

As pessoas podem se realizar de diferentes maneiras sob diferentes condições, mas existem certas condições na infância de que todos necessitam para a auto-realização. Estas incluem “uma atmosfera de afetuosidade”.
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Da mesma forma, ela argumenta que nós não podemos viver somente em função daquilo que o meio exige, e por isso ela alerta para que as pessoas vivam os seus eus reais (FADIMANN & FRAGER, 2002; 159)., e que procurem preservar os ambientes onde vivam ou trabalhem, de forma a torná-los acolhedores e favoráveis ao cultivo de relacionamentos mais afetuosos, uma vez que todos nós necessitamos de ambientes adequados que nos propiciem o desenvolvimento de nossas potencialidades. Nesse aspecto, o ambiente familiar seguro e tranqüilo é fundamental para o desenvolvimento da criança, cabendo aos pais e adultos do lar a responsabilidade da preservação do ambiente.

O eu real não é uma entidade fixa, mas um conjunto de potencialidades intrínsecas – incluindo temperamento, talentos, capacidades e pré-disposições – que são parte de nossa constituição genética e precisam de um ambiente favorável para se desenvolver.
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As pessoas devem refletir sobre as suas vidas, e principalmente, sobre seus comportamentos e atitudes, certificando-se de que estão seguras e convictas sobre o que realmente querem para si mesmas, e também, devem pensar sobre a maneira como estão vivendo, uma vez que a vida só é realmente válida na medida em que podemos satisfazer os seus desejos. Ninguém precisa ter uma vida maravilhosa ou desprezível, mas simplesmente uma vida autêntica, de forma que a pessoa não seja falsa consigo mesma, seja experimentando entusiasticamente as emoções decorrentes das realizações dos seus desejos, ou até mesmo nos momentos de tristeza, quando se encontrar abatida pelas frustrações e pelas ansiedades que a vida impõe a todos nós.

A esperança de Horney é que os pacientes “sintam-se solidários” consigo mesmos e experimentem a si mesmos “como não sendo particularmente maravilhosos ou desprezíveis, mas como seres humanos lutadores e muitas vezes atormentados” que são.
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Capítulo 13
O pensamento de Wilhelm Reich


Wilhelm Reich era austríaco e viveu entre os anos de 1897 e 1957. Seu pensamento converte para o aspecto de que todos os indivíduos devem dar ênfase à satisfação dos seus desejos sexuais (FADIMANN & FRAGER, 2002; 226).. Ele defendia a idéia de que os seres humanos deveriam dedicar grande parte da sua energia para a realização do orgasmo, como ocorre com os animais. Sustentava o argumento de que muitos dos problemas neuróticos derivam exatamente da insatisfação da pessoa na realização das atividades sexuais.

Ele afirmava que os casais deveriam viver livremente um relacionamento amoroso e maduro, e permitir, sem nenhum entrave ou vergonha a expressão dos sentimentos sexuais e emocionais na relação.

O anseio orgástico, que desempenha um papel tão imenso na vida dos animais, aparece agora [nos humanos] como uma expressão deste esforço para além de nós mesmos, como um anseio para ir além de nós mesmos, como um anseio para ir além do estreito limite de nosso próprio organismo (Reich, 1961, p.355)
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As influências do meio agem decisivamente na formação do caráter do indivíduo, e este caráter, segundo Wilhelm Reich, é formado no indivíduo pelas atitudes habituais e pela repetição das respostas às situações diversas. Este caráter é composto de valores, atitudes psicológicas, posturas e estilo de comportamento.

A resistência que as pessoas demonstram a certas idéias e atitudes consideradas “libidinosas”, provém, segundo Reich, da couraça do caráter, que é o conjunto de forças defensivas que acabam bloqueando a livre manifestação dos desejos, e provocando repressão ao instinto e impedindo a satisfação plena dos impulsos sexuais.

Reich enfatizava a livre expressão de sentimentos sexuais e emocionais dentro de um relacionamento maduro e amoroso. Ele enfatizava a natureza essencialmente sexual das energias que tratava, e constatou que a região pélvica de seus pacientes era a mais bloqueada. Para Reich, o objetivo da terapia era liberar todos os bloqueios no corpo, permitindo ao paciente alcançar a plena capacidade para o orgasmo, que a seu ver estava bloqueada na maioria das pessoas.
[42]


A couraça é o principal obstáculo ao crescimento da pessoa, uma vez que os valores e as crenças impedem a livre manifestação e realização sexual do indivíduo. Os desejos e as emoções são reprimidos pelo conjunto de fatores que compõem a couraça, e esta, por sua vez, impede que o sujeito dê vazão aos seus impulsos, e impede também que o sujeito viva a sua vida de uma forma mais natural e mais autêntica. Os padrões sociais e os valores e crenças impostos pela família ao sujeito, e que fazem parte da couraça do indivíduo, são concebidos como se fossem valores próprios da pessoa. A couraça é, então, uma máscara que impede a pessoa de ser plenamente feliz, e que impede o sujeito de expressar os seus reais sentimentos.

Na visão de Reich, os relacionamentos sociais são determinados pelo caráter do indivíduo. A maioria das pessoas vêem o mundo através do filtro de sua couraça, o que as isola tanto de suas naturezas interiores quanto de relacionamentos sociais satisfatórios. Somente pessoas de caráter genital, por terem perdido sua couraça rígida, podem reagir aberta e honestamente aos outros.
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Capítulo 14
O pensamento de George Kelly


George Kelly nasceu nos Estados Unidos, em 1905, e morreu em 1965 (FADIMANN & FRAGER, 2002; 328). Ele é o fundador da psicologia do construto pessoal, que segundo ele, é a teoria que permite à pessoa construir a sua própria vida a partir dos valores e crenças pessoais e da visão de mundo de cada um. O construto pessoal pode ser entendido como um acordo feito com a finalidade de compreender a si mesmo e aos outros.

Para Kelly, as pessoas vivem constantes transformações e uma reinvenção eterna de si mesmas, e para isso, constroem as suas vidas partindo de uma reinterpretação constante do mundo, porque o meio também sofre um processo ininterrupto de mudança. Em outras palavras, podemos dizer que as pessoas mudam a si mesmas para poder transformar o mundo, e ao mesmo tempo, são afetadas por ele para poder transformá-lo novamente.

Nas palavras de Kelly: “Os homens mudam as coisas primeiro mudando a si mesmos e só atingem seus objetivos se pagarem o preço de mudarem a si mesmos – como descobriram alguns para sua tristeza e outros para sua salvação”.
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Para que a pessoa possa mudar a sua vida, é necessário que ela faça uma leitura sobre o meio que a cerca, de forma que essa interpretação do mundo servirá de referencial para ela, e a partir do qual as suas decisões serão tomadas. O construto pessoal requer, então, uma constante construção e reconstrução do sujeito.

...o próprio mundo está “em processo”. Ele está constantemente mudando, de modo que uma compreensão adequada do mundo requer uma contínua reinterpretação dele.(...). Uma compreensão adequada requer mudança constante.
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O construto pessoal faz com que as pessoas estejam sempre com o olhar voltado para o presente e para o futuro. A análise do presente e as expectativas sobre o futuro fazem com que as pessoas adotem posturas e tomem ações no sentido de se prepararem melhor para o mundo. Esse preparo da pessoa, baseada numa projeção que ela faz sobre o futuro, coincide com a visualização do self ideal de Carl Rogers, e por isso requer um aprimoramento constante do sujeito. O indivíduo será no futuro aquilo que ele estiver imaginando sobre ele no presente, por isso a interpretação do mundo deve ser bastante criteriosa. Duas perguntas são necessárias ao indivíduo, antes que ele tome as atitudes necessárias ao encaminhamento de sua vida. O que ele quererá para a sua vida no futuro? Ele está se preparando no momento para atingir os seus objetivos futuros ?

Na verdade, os sistemas de construto orientam-se em direção ao futuro. A pessoa é vista em sua antecipação do que virá depois – toma o que aconteceu antes e usa o momento presente para alcançar a compreensão do que irá acontecer no próximo momento, dia ou ano.
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As pessoas podem, por exemplo, visualizar para elas um futuro profissional que possa dar-lhes um bom retorno financeiro, ou ainda, o exercício de uma profissão que seja mais compatível as suas capacidades, habilidades e potencialidades individuais, mas, para isso, é necessário que se faça antes uma criteriosa interpretação do mundo para, a partir daí, tomar as decisões necessárias à implementação das ações com o objetivo de alcançar as metas planejadas.
A escolha é feita na direção em que a pessoa vê suas maiores possibilidades. (...). A escolha é uma decisão pessoal que é o passo inicial para a pessoa ter algum impacto no mundo. Esse sentimento reflete as seguintes afirmações: “o homem toma decisões que inicialmente afetam a si próprio e que afetam os outros objetos somente depois – e mesmo assim, somente se ele consegue agir de modo eficaz [...].
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Capítulo 15
O pensamento de Erik Erikson


Erik Erikson foi psicanalista, e viveu entre os anos de 1902 e 1994 (FADIMANN & FRAGER, 2002; 195).. A sua teoria enfatiza a idéia de que o crescimento do ser humano se dá por meio de estágios sucessivos, sendo o estágio sucessivo desenvolvido com base nas capacidades e potencialidades adquiridas no estágio anterior. Erikson dizia que todas as nossas ações, bem sucedidas em cada estágio, eram integradas à nossa personalidade. As nossas ações praticadas nos estágios anteriores, bem como as planejadas para o estágio seguinte, influenciam, segundo Erikson, a nossa personalidade, mas, enfatizara que as ações do estágio presente são as que mais participam e interferem na formação da nossa personalidade.

Cada estágio é um momento único para a aprendizagem, e nele tanto influenciamos quanto somos influenciados pelo meio, sendo que cada estágio é caracterizado como um período de crises, onde as virtudes e as habilidades próprias de cada período vão sendo aos poucos adquiridas e testadas, e ainda, levadas para o estágio subseqüente e incorporadas à nossa personalidade. Erikson dividiu o crescimento pessoal em oito estágios, na seguinte ordem, a partir do nascimento do sujeito: primeiro ano de vida; primeira infância (de 1 a 3 anos); idade de brincar; idade escolar; adolescência; idade adulta jovem; idade adulta; e finalmente, a velhice.

Cada estágio se caracteriza por uma tarefa de desenvolvimento específica, ou crise, que deve ser resolvida para que o indivíduo avance para o estágio seguinte. As virtudes e capacidades desenvolvidas através da bem-sucedida resolução em cada estágio afetam toda a personalidade. Elas podem ser influenciadas por eventos posteriores ou anteriores. Entretanto, estas capacidades psicológicas geralmente são afetadas mais fortemente durante o estágio em que aparecem.
[48]


Capítulo 16
O pensamento de Henri Wallon


A professora Alice Beatriz B. Izique Bastos, da PUC de São Paulo, em seu livro A Construção da pessoa em Wallon e a constituição do sujeito em Lacan, descreve as teorias de Henri Wallon, que nasceu em Paris; e viveu entre os anos de 1879 e 1962. Segundo a professora Alice Bastos, Wallon dedicou grande parte da sua vida à medicina e à psicologia, mas dedicou grande parte de sua vida ao seu estudo do desenvolvimento da pessoa, tendo dividido este em três aspectos integrados: o afetivo, o cognitivo e o ato-motor (BASTOS, 2003; 19).

As primeiras experiências do bebê com a sua mãe são desenvolvidas, principalmente, com base no aspecto afetivo. Esse período, denominado por Wallon de estágio impulsivo-emocional, desenvolve-se no primeiro ano de vida, e no qual os bebês começam a adquirir as primeiras noções sobre o mundo através da relação mãe-bebê. O bebê, nessa fase, é influenciado decisivamente pelas reações de sua mãe, que, a partir dela e das relações, vai aos poucos conhecendo o mundo.

Neste momento, cabe uma observação. Imaginemos, pois, uma situação na qual a mãe não sinta amor pelo seu bebê. Como ele irá se desenvolver psicologicamente, e qual vai ser a sua relação com as outras pessoas e com o mundo se as suas primeiras experiências com o meio foram traumatizantes, ainda mais se levarmos em consideração que elas tenham partido de sua mãe, responsável pela intermediação nas relações do bebê com o mundo?

A pessoa, na concepção de Wallon, se desenvolve totalmente integrada com o meio (BASTOS, 2003; 20), sendo produto, portanto, dessa relação. A personalidade, dentro dessa visão, é formada com base nas relações pessoais, e as primeiras sensações são aquelas adquiridas através das relações dentro da família, e principalmente naquelas vividas com os pais, com os quais a criança se desenvolve. A criança, por sua vez, vai introjetando em si mesmo as sensações e as observações que vive na relação com os pais e com outros membros da família. As palavras, ações e reações de seus pais, por exemplo, vão interferir na relação com os seus filhos na medida em que eles vão introjetar algumas de suas visões. Portanto, nas relações familiares, os seus filhos se espelham nas relações desenvolvidas com os pais e com os outros membros da família..

Outra característica importante da emoção é o seu poder de contágio, por meio do qual o contato é estabelecido pelo mimetismo ou por contrastes afetivos. (...). O impacto afetivo causado pelas manifestações da criança provoca um verdadeiro contágio emocional nas pessoas, que, conseqüentemente, passam a imprimir uma significação a elas. É a partir desse momento que começa a se estabelecer um circuito de trocas mútuas entre a criança e o meio, que possibilita a correspondência entre os próprios atos e os respectivos efeitos.
[49]

O segundo estágio, é o relativo as aspecto sensório-motor, que vai até os três anos de idade, aproximadamente. Nessa fase, a criança desenvolve o aspecto da motricidade, tanto exercendo a manipulação dos objetos como explorando os espaços que estão a sua volta. A aquisição da percepção espacial pela criança desenvolve nela a função simbólica e a linguagem.

O próximo estágio é o do personalismo, que vai dos três aos seis anos de idade, mais ou menos. Essa fase é caracterizada pelo desenvolvimento da consciência de si mesmo, e isso ocorre em função da relação da criança com as pessoas nas interações sociais.

O quarto estágio é o categorial, quando ocorre na criança um interesse maior pelo conhecimento, pelas pessoas e pelo mundo que o cerca, procurando dar as respostas aos seus questionamentos.

Finalmente, o último estágio, o funcional, que ocorre por volta do início da adolescência, quando a criança começa a sofrer mudanças físicas provocadas pela ação dos hormônios. Nessa fase o iniciante da adolescência começa a refletir sobre os valores morais e religiosos, e ainda, sobre si mesmo.

Para Wallon, a personalidade vai sendo construída com a alternância da predominância dos aspectos relacionados à afetividade e à inteligência (BASTOS, 2003; 19)
. Embora o psicólogo enfatize a predominância do aspecto relativo à inteligência sobre a afetividade, ele lembra que a alternância de um para outro aspecto se dá através de relações conflituosas, fazendo com que as emoções do sujeito com o meio preparem o sujeito para as fases subseqüentes, que são as da representação e a da imitação. A representação é caracterizada pelos papéis que o sujeito desenvolve, quando ele se coloca no lugar de outra pessoa a quem ele admira muito, como, por exemplo, a brincadeira de uma filha na qual ela se coloca no lugar de sua mãe, e por fim, na brincadeira, acaba desenvolve o papel de mãe cuidando da casa e dos filhos, imitando os papéis desenvolvidos pela sua mãe, a quem tanto estima e admira.

As pessoas estão em constante crescimento, aprendendo na interação com as pessoas e com o meio, numa relação integrada. O papel da afetividade se dá principalmente nas relações com as pessoas com as quais o sujeito simpatiza e admira, de forma que com elas a pessoa vai aprendendo e interiorizando os ensinamentos colhidos durante as suas relações com os seus semelhantes e, ao mesmo tempo, buscando a consciência de si mesmo, procurando diferenciar-se do outro.

...o movimento de identificação e dissociação da personalidade se orienta predominantemente pela busca de independência e de autonomia, passando pela oposição intensiva ao outro, depois pelo exibicionismo e, num terceiro momento, buscando substituir e incorporar o outro em si mesmo. Para constituir e enriquecer o eu, é necessário diferenciar-se do outro para afirmar-se a si próprio. Ao mesmo tempo, é preciso identificar-se com as pessoas que são admiradas para buscar “introjetá-las” em si. Assim, a constituição da personalidade é permeada por conflitos, antagonismos e verdadeiras crises, que reaparecem com grande intensidade no período da adolescência.
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Capítulo 17
O pensamento de Nietzsche


Para compreendermos o pensamento de Nietzsche, temos primeiramente que descrever o cenário político-sócio-econômico que reinava na Europa no Sex XIX. Nesse período podemos encontrar fatos históricos importantes que ajudaram a modificar a estrutura da economia, do Estado e da sociedade.

Alguns dos estados nacionais modernos europeus vieram a ser formados no século XIX, a exemplo da Alemanha e da Itália, dois dos mais importantes da Europa; em 1789, a Revolução Francesa produziu resultados políticos que iriam culminar com as Revoluções de 1830 e 1848, ambas, também ocorridas na França, onde podemos constatar a luta da classe trabalhadora pelos seus direitos políticos; a formação dos Estados da Alemanha e da Itália, ambos, formados apenas na segunda metade do século XIX; a Segunda Revolução Industrial ocorrida por volta de 1850, trouxera conseqüências importantes que abalaram a estrutura econômica e social européia, decorrendo dela o aparecimento de maior volume de mercadorias industrializadas, motivado pela invenção de meios de transporte e equipamentos industriais mais modernos; desemprego; movimentos políticos-ideológicos e sociais (entre eles, o socialismo); A consolidação do Liberalismo, que desde o século XVII já vinha ganhando força na Europa, pregando o afastamento do Estado da economia e defendendo o individualismo; e finalmente, a consolidação da burocracia como um dos pilares do Estado moderno, que numa outra ótica, se consistia num poderoso e eficiente instrumento que assegurava os deveres e os direitos dos atores envolvidos no processo político que se desenvolveu no século XIX (HOBSBAWM. A Era do Capital, 1997).

Nietzsche, como podemos observar, nasceu em 1844, e viveu num período de grandes transformações na Europa. Não só o cenário político-sócio-econômico havia influenciado o pensamento do filósofo, mas, acima de tudo, as apaixonantes leituras sobre a filosofia de Schopenhauer, bem como o seu estado de saúde, fazendo com que ele se sentisse cada vez mais debilitado, também contribuíram decisivamente para o seu pensamento.

Segundo Antônio Rezende, autor do livro Curso de Filosofia, Nietzsche defendia a idéia central de que o homem deveria auto-superar-se, com o objetivo de transformar os valores cultuados em sua época, os quais, eram refutados por ele com veemência, como também, os modelos político, social e econômico que estavam em vigência na Europa (REZENDE, 1998; 186). A sociedade estava tomando uma direção que só beneficiaria o avanço da racionalidade (espírito científico), que teria tido o seu início lá na época da Grécia Antiga, na época de Sócrates e Platão, como também estava gerando conseqüências prejudiciais ao homem, fazendo surgir nele um espírito de vingança, que só poderia impulsioná-lo para a transformação da sociedade (REZENDE, 1998; 188). O resultado das transformações já era bastante visível: pobreza e desemprego. Cabia ao homem, portanto, transformar primeiramente a si próprio, para, a partir daí, transformar o mundo, criando novos modos de vida.

Nietzsche profetizou que a verdade mais elevada nascia com o homem por meio da força autocriadora da vontade. Toda a luta do homem em busca do conhecimento e do poder se realizaria em um novo ser que encarnaria o exato significado do universo. Para conseguir esse nascimento, o Homem teria de crescer além de si mesmo de maneira tão fundamental, que seu atual self limitado seria destruído: “A grandeza do homem é o fato de ser ele uma ponte e não um objetivo... O Homem é algo a ser superado.”
[51]

Para o filósofo, ao mundo apolíneo, regido pela racionalidade, deveria contrapor-se o mundo do deus grego Dionísio, que, em sua obra O Nascimento da Tragédia (1872), defende a idéia de que o homem deve buscar as transformações, começando pelo desmascaramento da racionalidade, que na verdade só escondia a dura realidade da população.

O saber dionisíaco opõe-se ao apolíneo. Dionésio é o deus da desmesura, da contradição e da volúpia nascida da dor. Em vez de medida e serenidade, o dionisíaco busca o êxtase, as extravagâncias do frenesi sexual, busca a bestialidade natural; sua volúpia e crueldade, sua força brutal. Em vez de sonho é embriaguez. O êxtase dionisíaco permite esquecer a consciência, o Estado ateniense, a civilização, tudo o que foi vivido. Essa experiência mostra ao homem a ilusão em que vive, ao criar o mundo da beleza para mascarar a triste verdade.
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A transformação do mundo só poderia ocorrer com a ação humana, e por isso, Nietzsche defende a auto-superação do homem, transformado no Super-homem, capaz de superar todos os óbices que a sociedade lhe impõe, combativo em relação à Igreja e à submissão (MANNION, 2008; 115). Cabe ao novo homem, então, investir-se de uma vontade criadora e revolucionária, usando a mesma disposição que foi utilizada para criar a atual sociedade e os seus valores, que em outro jargão, Nietzsche chamou de vontade de potência, que é a vontade natural do homem voltada para a criação e para a transformação. A vontade, que em Schopenhauer constatamos que pode ser usada para a obtenção da satisfação e do prazer, em Nietzsche, podemos verificar que essa mesma vontade, que é a libido, deve ser usada para transformar a sociedade, afastando o homem do estado omisso em que se encontra.

Nietzsche não acreditava nos ideais difundidos pela Revolução Francesa, uma vez que para ele significavam uma reedição dos valores cultuados pela Civilização Clássica (REZENDE, 1998; 186), e em particular, o pensamento platônico, apropriado pela Igreja, que engessava a sociedade em camadas sociais imutáveis. Na sociedade imaginada por Platão, a mobilidade social inexistia, e o pobre deveria confiar a resolução de seus problemas à classe governante, sábia e justa. Mas Nietzsche, radicalmente contrario à idéia do servo dócil, defendeu, intransigentemente, a ascensão do homem completo, cujas raízes e valores poderiam ser encontrados nos tempos homéricos, antes de Platão, período em que os valores sociais eram difundidos com base na ação dos senhores e dos heróis.. Nos tempos homéricos, o homem era audaz, virtuoso e guerreiro.

De outro modo, e totalmente divergentes, os valores cultuados nos tempos de Platão, da Civilização Clássica e da Idade Média, pautaram-se na renúncia, no conformismo e na obediência, caracterizando bem a situação na qual viviam os escravos, que habitavam uma sociedade de classes onde a mobilidade social era evitada a todo custo. De acordo com Nietzsche, a obediência e o conformismo, lamentavelmente, ainda permanecem como verdades para o alcance da paz e da ordem (MANNION, 2008; 118).

O filósofo julgava, então, que a ação da vontade utilizada pelo homem, e que o fez criar as coisas que há mundo, as teorias, as construções, as sociedades e outros, pode, novamente, transformar o homem comum e dócil num homem completo, a fim de criar novos valores e uma nova sociedade, mais adequada à realização da satisfação dos desejos e emoções do ser humano.

Assim, nossa moral vai pregar, no “tu deves”, as qualidades que adocicam a vida, como o altruísmo, a piedade, o desinteresse, todo um ideário de “esgotados”, que apenas exprime uma vontade anêmica. (...). Por isso, nossa civilização enaltece a obediência e coloca o comando ao lado da má-consciência, promovendo como figura o homem alguém preparado apenas para obedecer, um escravo, um ser domesticado, o “animal do rebanho”. Ao lado de nossa moral e de nosso ideal de convivência, que se pensam únicos, existiu, segundo Nietzsche, outra moral e outro modo de encarar a existência. É o universo dos senhores, que ele acredita redescobrir analisando a vida grega antes da “decadência” platônica. Desde a juventude, quando pesquisava a vida grega no mundo homérico, Nietzsche discernia ali um ideal de convivência exatamente oposto ao nosso: uma vida construída a partir de um elogio do conflito, não de sua supressão. (...). É que um grego do bom período, garante Nietzsche, não conhecia felicidade sem luta nem vitória sem disputa ulterior. Sua vida, em suma, era a expressão mesma da vontade de potência. (...) O homem da luta homérica será o indivíduo sujeito à moral dos senhores, na qual a afirmação de si substitui as virtudes cristãs.
[53]



Capítulo 18
Pós-modernidade


Nietzsche percebeu que o mundo estava tomando uma direção que poderia deixar o Homem refém de si mesmo e do modelo que estava sendo desenhado. A sensação que se tinha no final do século XIX era a de que o Homem fora abandonado por Deus, e que cabia unicamente ao ser humano agora dar à humanidade novo rumo, novos valores e uma nova visão de mundo. O Homem deveria, então, agir no sentido de auto-superar-se, criar novas interpretações sobre o mundo, para, a partir daí, criar novos valores, mas sem jamais ter a certeza de que estaria trilhando rumo a uma situação que pudesse propiciar-lhe a felicidade suprema.

Se Deus havia sido sepultado pelo pensamento Iluminista, e o Homem estava se sentindo abandonado à sua própria sorte, era necessário, então, que ele passasse a valorizar as suas singularidades e as suas ações, já que o projeto coletivo idealizado pela Revolução Francesa havia se tornado um fracasso. Essa, era a visão dos filósofos existencialistas do século XIX. Com as Grandes Guerras Mundiais, em 1914 e 1939, esse pessimismo com relação ao projeto Iluminista se acentuou ainda mais.

Mais precisamente, esse projeto tem sido condenado como algo inerentemente alienador e opressivamente hierárquico – um procedimento intelectualmente arrogante, que produziu um empobrecimento existencial e cultural e que basicamente levou ao domínio tecnocrático da Natureza e ao domínio sócio-político de outros. A compulsão tirânica do espírito ocidental em impor alguma força de razão totalizadora – teológica, científica, econômica – a cada aspecto da vida é acusada de não ser apenas auto-ilusória, mas destrutiva.
[54]


A situação humana no período pós-moderno, que caracteriza bem a sociedade européia a partir da segunda metade do século XIX, e que avança por todo o século XX, pode ser descrita como um conjunto de sensações que levou o homem a estabelecer as graves contradições que existiam entre o projeto desenhado pela humanidade e o que ocorria na realidade. As amostras eram várias, guerras, fome, pobreza, desemprego, e burocracia cada vez mais sufocante. O Homem carregava dentro de si uma contradição enorme, pois na medida em que ele começara a acreditar que a “verdade” passara a ter um valor relativo que atendia aos interesses de grupos num determinado período de tempo, ele continuava necessitando, ainda, de novos projetos para a sua vida, e cujos conteúdos, quaisquer que fossem, já mostravam as suas contradições antes mesmo de serem colocados em prática. Colocado o novo projeto de vida em prática, o Homem está ciente de que estará rumando numa direção e jamais terá a certeza de ter feito a escolha certa. A melhor saída para o alívio do sofrimento humano é, então, a escolha individual de um modo de vida que traga satisfação pessoal. .

Portanto, o ser humano deve escolher entre incontáveis opções potencialmente viáveis, qualquer que seja a sua escolha afetará por sua vez tanto a natureza da realidade como o sujeito que optou.
[55]


O Homem vive numa sociedade na qual pode constatar a existência de inúmeras realizações, fruto da sua ação sobre a natureza. Estas transformações produzidas pelo Homem, e que foram conduzidas com o uso da razão, não só trazem o conforto e as oportunidades, como também impactam na mente do homem promovendo certa admiração. O ser humano sente-se orgulhoso quando vê o resultado da sua criação, mas ao mesmo tempo, também se sente entristecido quando vê que os benefícios não são usufruídos por todos, por dificuldade de acesso ou por carência de recursos financeiros. Os impactos negativos que estas transformações causam na natureza são muito visíveis, e o Homem passa a se questionar com freqüência sobre o rumo que a sua civilização está tomando.

A pós-modernidade é o atual período em que vivemos, e suas particularidades são a ambigüidade, a complexidade e o pluralismo. O homem acredita na ciência e na razão, mas ao mesmo tempo vê que elas não conseguem resolver todos os seus problemas, e acima de tudo, se sente sufocado pelo sistema político, econômico e social que ele mesmo criou (TARNAS, 2003; 427, 428). A Civilização Ocidental tem as suas raízes na Grécia, tendo sido aperfeiçoada séculos depois em alguns países da Europa e nos Estados Unidos. A Civilização Ocidental é “branca”, tendo excluído ao longo dos séculos as etnias não caucasianas. Hoje, podemos ver nas ruas passeatas e movimentos sociais; nos parlamentos, representantes de grupos minoritários e de grandes grupos até então excluídos.

Muitas pessoas no mundo sonham um dia usufruírem do estilo norte-americano de viver, mas o consumismo, convenhamos, tem promovido uma degradação acelerada da natureza, e isso tem levado o homem a repensar sobre o atual modelo político-econômico-social.

A pós-modernidade pode ser vista como um período marcado por extremos, pois, ao mesmo tempo em que podemos constatar a existência e o avanço da robótica, da tecnologia espacial, da informática, da medicina, da biogenética e da pesquisa em alguns lugares, em outros, de forma deprimente, podemos encontrar a miséria, a violência, a fome, o analfabetismo, a insanidade e a impunidade.

O homem atual vive um período de atormentação e de crise existencial, no qual podemos constatar o avanço da ciência a um patamar jamais imaginado no século XIX, mas por outro lado, sabemos que a razão não pode dar todas as respostas com vista a suprir todas as necessidades humanas. Mais do que nunca, o homem tem se questionado ultimamente sobre a finalidade de sua existência neste mundo, e sobre o nível de veracidade que pode atribuir à ciência e à técnica como carros-chefe da civilização, mas o que podemos perceber, conversando com as pessoas de nosso convívio, é que, em face das visões e das incertezas que o futuro promete, e não tendo mais o homem a convicção de que a sua vida futura pessoal venha a ser mais promissora e abundante que a de seus antecessores, ele tem procurado, então, viver com intensidade o presente, fazendo uso, conforme o alcance de cada um, dos benefícios que a sociedade, o Estado e o sistema econômico podem lhe proporcionar.

A Era Pós-moderna é um momento em que não há um consenso sobre a natureza da realidade, mas dotada de uma riqueza de perspectivas sem precedentes com as quais resolver as grandes questões que é preciso enfrentar. O meio intelectual contemporâneo continua carregado de tensão, indecisão e perplexidade. Os benefícios práticos de seu pluralismo são repetidamente destruídos por insistentes cismas conceituais.
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CONCLUSÕES

Podemos, ao longo do desenvolvimento desta monografia, ter acesso às sínteses das teorias de vários psicólogos e filósofos acerca das condicionantes e variantes subjetivas que participam da formação da personalidade do sujeito.

Constatamos, também, que muitos fatos, experiências passadas e as relações com os pais e as pessoas mais próximas, influenciaram e ainda continuam influenciando a personalidade do indivíduo, tornando-o um novo ser a cada transformação. Sendo assim, experiências traumáticas na infância podem vir a perturbar o indivíduo na fase adulta, e até mesmo na velhice. Cada indivíduo possui uma história e uma identidade única, sem similaridade ou comparação, fazendo com que cada mente seja um conjunto de experiências vividas e experimentadas particularmente.

A grande maioria dos alunos vem de uma origem totalmente diferente da origem dos professores. Muitos, inclusive, foram educados somente pela mãe, em virtude de o pai ter falecido por motivo de violência no bairro, tráfico ou assassinato. Cada residência, rua ou bairro congrega um conjunto de valores peculiares, sendo, nas periferias das grandes cidades, muito comuns casos de consumo de drogas ainda na fase infantil, e de prostituição na adolescência. Tornaram-se comuns notícias de gravidez nessa fase, e isso representa um fator potencial de perpetuação da pobreza. As jovens se tornam mães antes mesmo de terminarem o ensino fundamental, comprometendo totalmente o futuro delas, e denunciando, ainda, o fator desagregador que existe dentro dos lares, onde não há a presença dos pais, do amor, da cumplicidade e da responsabilidade. Jovens criados “soltos”, sem nenhuma orientação para a vida, aprendendo valores incorretos com pessoas com as quais não possuem nenhum vínculo afetivo. Esse é o triste retrato de muitos leres existentes nas periferias das grandes cidades.

Muitos estudantes, pertencentes às escolas públicas situadas nas periferias das grandes cidades brasileiras, que são criados geralmente por mães ou avós que se desdobram para marcar um mínimo de presença dentro de suas casas, e que, freqüentemente se ressentem da ausência paterna no interior da família, seguem para a escola diariamente muitas vezes para terem o que comer, ou ainda, para ouvirem um mínimo de palavras e orientações para a vida, imaginando, ou sonhando com um lar melhor, ou ainda, com uma família ou uma escola que pudessem lhes dar a sustentação necessária para que consigam melhorar no futuro. Esses jovens, carregam dentro de si um enorme vazio, marcado pela falta das orientações providenciais e necessárias dos pais. Existe também, e não raras vezes, a ausência do pai e da mãe co-habitando a mesma casa, fazendo com que esses jovens se sintam desamparos, inseguros e sós, gerando uma sensação de abandono e de ausência de perspectivas futuras, restando-lhes, unicamente, a esperança de que consigam achar nas escolas a última alternativa para continuarem alimentando o resto de esperança que carregam dentro de suas mentes. Esses jovens, que se sentem abandonados dentro de seus próprios lares, não podem perder a esperança, e devem ser motivados pelos pais e professores a alcançarem uma vida futura melhor, pois, do contrário, não hesitarão em atirar-se à vida bandida, fácil e violenta.

Assim, em face do que foi exposto até aqui, temos que alertar as autoridades, pais e professores a manterem os olhos sempre abertos para responder às demandas desta parcela jovem da sociedade, que geralmente vive nas periferias das grandes cidades. Esses jovens foram criados na miséria, sem a presença paterna no lar, sem a presença freqüente da mãe, que geralmente tem que se ausentar para dedicar-se ao sustento da família, deixando esses jovens sozinhos ou com os irmãos mais novos, a mercê das contingências da vida nas favelas, ou ainda, sob o assédio dos bandidos e do tráfico de drogas.

As abordagens levantadas na presente monografia, têm por objetivo alertar as autoridades, professores, pais e demais interessados para a importância das subjetividades da psicologia, e convidá-los a repensar a educação no sentido de melhorar a preparação dos professores para o entendimento das relações humanas, e de forma a atentar-lhes para o respeito às diferenças de seus alunos, muitos deles pertencentes a mundos carentes e excluídos como esses situados nas periferias das grandes cidades.
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Esta monografia tenta fazer um alerta para a importância do conhecimento das subjetividades da psicologia, uma vez que são fundamentais na formação da personalidade das pessoas. A leitura deste trabalho pode também auxiliar, reforçar, aperfeiçoar ou capacitar melhor os profissionais da área da educação, uma vez que é imprescindível ao profissional da área da educação conhecer as principais particularidades da natureza humana. Afinal, todos nós trazemos conosco contradições, experiências traumáticas, frustrações, sonhos e desejos.

Finalmente, para encerrar a presente conclusão, enfatizamos a idéia de que os professores podem, conhecendo melhor as influências das subjetividades na formação da personalidade das pessoas, não apenas lidar melhor com os seus alunos, mas também a dar as orientações necessárias aos pais sobre as influências das relações pessoais dentro da família.



REFERÊNCIAS


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- TARNAS, Richard. A Epopéia do Pensamento Ocidental. Rio de Janeiro: Editora Bertran Brasil, 2003, 6ª ed, 586p;

- KAHHALE, Edna M. Peters (org). A diversidade da Psicologia: uma construção teórica. São Paulo: Editora Cortz, 2002, 304p;

- ABRÃO, Baby e COSCODAI, Mirtes. História da Filosofia. São Paulo: Editora Best Seller, 1970, 2ª ed, 480p;

- SEYMOUR-SMITH, Martin. Os 100 Livros que mais influenciaram a humanidade. Rio de Janeiro: Editora Difel, 2002, 3ª ed, 678p;

- REZENDE, Antônio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1998, 8ª ed, 260p;

- BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A construção da pessoa em Wallon e a constituição do sujeito em Lacan. Petrópolis: Editora Vozes, 2003, 152p;


- JORGE, Marco A. Coutinho e FERREIRA, Nadiá P. Lacan, o grande freudiano. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2005, 86p;

- McCRONE, John. Como o cérebro funciona. São Paulo: Publifolha, 2002, 72p.

- JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2006, 497 p;

- JUNG, Carl Gustav. Tipos Psicológicos. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1980, 567p;

- HOBSBAWM, Eric. A Era do Capital, 1848 a 875. São Paulo: Editora Pazerra, 1997, 457p.




Referências: .......Notas de roda-pé

[1] CHILDE, Vere Gordon. A evolução cultural do homem. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1981, 5ª ed, p 33.
[2] CHILDE, Vere Gordon. A evolução cultural do homem. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1981, 5ª ed, p 35.

[3] McCRONE, John. Como o cérebro funciona. São Paulo: Publifolha, 2002, p 17.
[4] McCRONE, John. Como o cérebro funciona. São Paulo: Publifolha, 2002, p 53-54.
[5] PINKER, Steven. Como a mente funciona. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p 53.
[6] MANION, James. O Livro Completo da Filosofia. São Paulo: Editora Madras, 2008, 5ª ed, p 33
[7]MANION, James. O Livro Completo da Filosofia. São Paulo: Editora Madras, 2008, 5ª ed, p 37.

[8]MANION, James. O Livro Completo da Filosofia. São Paulo: Editora Madras, 2008, 5ª ed, p 161.
[9]. FADIMAN, James e FRAGER. Robert Sigmund Freud e a Psicanálise. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 34
[10] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Sigmund Freud e a Psicanálise. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 46.
[11] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Sigmund Freud e a Psicanálise. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 34
[12] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Alfred Adler e a psicologia individual. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 120.
[13] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Alfred Adler e a psicologia individual. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 124
[14] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Alfred Adler e a psicologia individual. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 127.
[15] FADIMAN, James e FRAGER. Abraham Maslow e a psicologia transpessoal. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 391
[16] (op cit), p 389.
[17] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Gustav Jung e a psicologia analítica. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 90.
[18] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Gustav Jung e a psicologia analítica. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 90-91.
[19] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Gustav Jung e a psicologia analítica. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 90.
[20] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Gustav Jung e a psicologia analítica. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 94
[21] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Gustav Jung e a psicologia analítica. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 97.
[22] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Gustav Jung e a psicologia analítica. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 102.
[23] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Gustav Jung e a psicologia analítica. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 102.
[24] SHAMDASANI, Sonu. Jung e a construção da psicologia moderna: o sonho de uma ciência. Aparecida-SP: Editora Idéias & Letras, 2003, p 284.
[25] SHAMDASANI, Sonu. Jung e a construção da psicologia moderna: o sonho de uma ciência. Aparecida-SP: Editora Idéias & Letras, 2003, p 126.
[26] JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos, reflexões; tradução de DA SILVA, Dora Fereira. Rio de Janeiro: Ed Nova Fronteira, 2006, P 400.
[27] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Rogers e a perspectiva centrada na pessoa. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 360.
[28] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Rogers e a perspectiva centrada na pessoa. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 366.
[29] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Carl Rogers e a perspectiva centrada na pessoa. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 365.
[30] ROCHA BARROS, Elias Mallet e ROCHA BARROS, Elizabeth Lima. Significado de Mmelanie Klein. In: COSTA PINTO, Manoel da. Significado de Melanie Klein. O Livro de ouro da psicanálise. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007, p 223.
[31] BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A construção da pessoa em Wallon e a constituição do sujeito em Lacan. Petrópolis: Editora Vozes, 2003, 152 p 103.
[32] JORGE, Marco A. Coutinho e FERREIRA, Nadiá P. Lacan, o grande freudiano. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2005, p 41.
[33] BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A construção da pessoa em Wallon e a constituição do sujeito em Lacan. Petrópolis: Editora Vozes, 2003, 152 p 121.
[34] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Anna Freud e os pós-freudianos. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 62.
[35] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Anna Freud e os pós-freudianos. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 63.

[36] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Anna Freud e os pós-freudianos. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 67.
[37] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Karen Horney e a psicanálise humanística. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 153.
[38] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Karen Horney e a psicanálise humanística. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 153-154.
[39] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Karen Horney e a psicanálise humanística. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 153.
[40] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Karen Horney e a psicanálise humanística. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 159.
[41] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Wilhelm Reich e a psicologia somática. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 226.
[42] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Wilhelm Reich e a psicologia somática. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 226.
[43] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Wilhelm Reich e a psicologia somática. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 232.
[44] FADIMAN, James e FRAGER. George Kelly e a psicologia do construto pessoal. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 330.
[45] FADIMAN, James e FRAGER. George Kelly e a psicologia do construto pessoal. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 331.
[46] FADIMAN, James e FRAGER. George Kelly e a psicologia do construto pessoal. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 332.
[47] FADIMAN, James e FRAGER. George Kelly e a psicologia do construto pessoal. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 334
[48] FADIMAN, James e FRAGER Robert. Erik Erikson e o ciclo de vida. In: Personalidade e Crescimento pessoal. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004, 5ª ed, p 199.
[49] BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A construção da pessoa em Wallon e a constituição do sujeito em Lacan. Petrópolis: Editora Vozes, 2003, p 47.
[50] BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A construção da pessoa em Wallon e a constituição do sujeito em Lacan. Petrópolis: Editora Vozes, 2003, p 52.
[51] TARNAS, Richard. A Epopéia do Pensamento Ocidental. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003, 6ª ed, p 397.
[52] PORTOCARRERO, Vera. Nietzsche: uma crítica radical. In: REZENDE, Antônio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1998, 8ª ed, p 190.
[53] ABRÃO, Baby e COSCODAI, Mirtes. História da Filosofia. São Paulo: Editora Best Seller, 1970, 2ª ed, p 414-415.
[54] TARNAS, Richard. A Epopéia do Pensamento Ocidental. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003, 6ª ed, p 427.

[55] TARNAS, Richard. A Epopéia do Pensamento Ocidental. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003, 6ª ed, p 433.
[56] TARNAS, Richard. A Epopéia do Pensamento Ocidental. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003, 6ª ed, p 436.



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