A EPOPÉIA DO PENSAMENTO OCIDENTAL (de Richard Tarnas) - Fichamento sobre o Pós-Modernismo (Tenente Menezes)
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A EPOPÉIA DO PENSAMENTO OCIDENTAL (de Richard Tarnas) - Fichamento sobre o Pós-Modernismo (Tenente Menezes)



TARNAS, Richard. A epopéia do pensamento ocidental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 6ª ed, 2003, 588 p.

...podemos considerar o espírito pós-moderno como sendo um conjunto de atitudes abertas e indeterminadas que foi moldado por uma grande diversidade de correntes intelectuais e culturais: pragmatismo, existencialismo, marxismo, psicanálise, feminismo, hermenêutica, deconstrução e a filosofia pós-empirista da Ciência.... p 422

Admite-se que o conhecimento é subjetivamente determinado por uma imensidão de fatores; (...) e que o valor de todas as verdades e pressuposições devem estar sempre sujeitos ao teste direto. A busca decisiva pela verdade está obrigada a ser tolerante em relação à ambigüidade e ao pluralismo; seu resultado necessariamente será um conhecimento relativo e falível, em vez de absoluto ou seguro. P 423

A realidade não é um processo fechado e contido, mas um processo fluido em permanente desdobramento, um “universo aberto”, sempre afetado e moldado pelas ações e crenças do indivíduo. É mais possibilidade do que fato. P 423

Em certo sentido, a realidade é construída pela mente, não simplesmente percebida por ela; são possíveis muitas construções, nenhuma das quais necessariamente soberana. P 423

O mundo não existe como coisa em si, independente da interpretação; ao contrário, ele somente passa a existir nas interpretações a através delas. (...). Todo o conhecimento humano é mediado por signos e símbolos de proveniência incerta, constituídos por predisposições histórica e culturalmente variáveis e influenciados por interesses humanos muitas vezes inconscientes, P 424

O outro lado da abertura e da indeterminância do espírito pós-moderno é então a ausência de qualquer base firme para uma visão de mundo. P 425

O conhecimento humano é o produto historicamente contingente de práticas lingüísticas e sociais de determinadas comunidades locais de intérpretes, sem nenhuma relação “mais próxima” co uma realidade não-histórica independente. P 426

“...a mente humana jamais poderá reivindicar acesso a qualquer realidade a não ser a determinada por sua forma local de vida. A linguagem é uma gaiola” (Wittgenstein). Além do mais, o próprio significado lingüístico pode mostra-se instável em essência, porque os contextos que determinam esse significado jamais são fixos.... p 426

Os textos referem-se apenas a outros texto, em uma regressão infinita, sem nenhum fundamento seguro em algo exterior à linguagem. (...). Não se pode afirmar nada com certeza a respeito da natureza da verdade, ... P 426

O destino da consciência humana é inevitavelmente nômade, um perambular consciente através do erro. A história do pensamento humano é uma de planos metafóricos idiossincráticos, de ambíguos vocabulários interpretativos sem base alguma além do que já está saturado por suas próprias categorias metafóricas e interpretativas. P 427

Mais precisamente, esse projeto tem sido condenado como algo inerentemente alienador e opressivamente hierárquico – um procedimento intelectualmente arrogante, que produziu um empobrecimento existencial e cultural e que basicamente levou ao domínio tecnocrático da Natureza e ao domínio sócio-político de outros. A compulsão tirânica do espírito ocidental em impor alguma for,a de razão totalizadora – teológica, científica, econômica – a cada aspecto da vida é acusada de não ser apenas auto-ilusória, mas destrutiva. P 427

...o único absoluto pós-moderno é a consciência crítica que, desconstruindo tudo, parece forçado por sua própria lógica a descontruir também a si mesmo. Este é o paradoxo instável que permeia o pensamento pós-moderno. P 429

Portanto, o ser humano deve escolher entre incontáveis opções potencialmente viáveis, qualquer que seja a sua escolha afetará por sua vez tanto a natureza da realidade como o sujeito que optou. P 433

Podemos então discernir dois impulsos opostos na situação intelectual contemporânea; um exige uma total desconstrução e desmascaramento – do conhecimento, das crenças, das visões de mundo – e o outro, uma total integração e reconciliação. P 435

Na ausência de qualquer visão cultural viável e abrangente, os velhos pressupostos continuam equivocadamente vigentes – proporcionando uma base cad vez mais inviável e arriscada para o pensamento e a atividade humana. P 437

A questão intelectual que paira sobre nosso momento é saber se o presente estado de profunda indecisão metafísica e epistemológica é algo que prosseguirá indefinidamente, talvez assumindo formas bem mais viáveis ou mais radicalmente desorientadas com o passar do tempo;.... p 437

Da mesma forma, o grande sociólogo Max Weber, que viu as inevitáveis conseqüências do desencantamento do mundo do espírito moderno, viu também o escancarado vazio de relativismo deixado com a dissolução da modernidade das visões de mundo tradicionais e percebeu que a Razão moderna, em que o Iluminismo colocara todas as suas esperanças de liberdade e progresso humano, ainda que não pudesse em seus próprios termos justificar valores universais para orientar a vida humana, de fato criara uma gaiola de ferro de racionalidade burocrática que permeava todos os aspectos da existência moderna... p 439

O estudo da mente proporcionava o conhecimento da mente, não do mundo além dela. Os arquétipos assim concebidos eram psicológicos e, de certo modo, subjetivos. Como as formas e categorias axiomáticas de Kant, estruturavam a experiência humana sem proporcionar à mente nenhum conhecimento direto da realidade além dela própria... p 450

Os arquétipos eram mais misteriosos do que como categorias axiomáticas – mais ambíguos em seu status ontológico, menos facilmente restritos a uma dimensão específica, mais próximos da concepção original platônica e neoplatônica. P 451

... informavam a ter acesso a memórias de existência intra-uterina pré-natal, que tipicamente emergiam associadas a experiências arquetípicas de paraíso, união mística com a natureza, a divindade ou com a Grande Mãe, dissolução do ego no êxtase de união ao Universo. P 451

O choque com essa experiência perinatal sempre trazia aos sujeitos uma sensação de que a própria Natureza, inclusive o corpo humano, era o repositório e receptáculo do arquetípico, de que os processos da Natureza eram processos arquetípicos. P 454

...o reino do arquetípico não podia ser identificado na Filosofia, na Religião e na Ciência da chamada cultura erudita, teria mesmo de voltar a emergir do mundo subterrâneo da psique. P 458

Assim, a criança nasce e é abraçada pela mãe, o herói ascende do mundo subterrâneo e volta para casa depois de sua grande odisséia. O individual e o universal estão reconciliados. O sofrimento, a alienação e a morte são agora entendidas como necessárias para o nascimento, para a criação do eu.... p 459

O problema do conhecimento científico legado por Hume e Kant foi brilhantemente explicado por Popper. Para este, a mente moderna, o Homem aborda o mundo como um estranho – mas um estranho sedento de explicação e com capacidade de criar mitos, histórias, teorias e a vontade de testá-los. Às vezes, por sorte e trabalho árduo, com muitos erros, descobre-se que um mito funciona. P 462

Se a mente humana não tem acesso a uma certa verdade axiomática, e se todas as observações estão sempre já saturadas por pressupostos não comprovados sobre o mundo, como poderia essa mente conceber uma legítima teoria bem-sucedida? Popper respondeu essa questão dizendo que, no final das contas, é “sorte”. P 463



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