CONSCIÊNCIAS EM EVOLUÇÃO
Fundamentos, História e Estudos de Psicologia

CONSCIÊNCIAS EM EVOLUÇÃO



COSTA PINTO, Manoel da. Consciências em evolução. In: O Livro de ouro da psicanálise. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007, 540 p.

A exemplo do arquétipo da Grande Mãe, podemos observar que desde as épocas das cavernas já havia cultos a imagens femininas de largos quadris e muitas mamas, apontada como criadora do mundo e deusa da fertilidade. Essa imagem sofreu transformações ao longo dos tempos e hoje aparece no Brasil, por exemplo, nas formas de Iemanjá e de Nossa Senhora Aparecida. (...). Nesse ritual, repete-se o culto que os antigos gregos faziam à deusa Afrodite com oferendas de flores. P 183

A passagem do arquétipo da Grande Mãe para o Grande Pai Espiritual é ilustrada na história dos Três Porquinhos e o Lobo Mau. Aqui vemos a necessidade de fortalecimento do ego para enfrentar as adversidades do crescimento, deixando a casa da mãe para construir um mundo independente. Ao depararem com o Lobo Mau, o aspecto negativo da figura paterna, eles percebem que uma casa feita às pressas com material frágil é facilmente derrubada pelo sopro da violência. A experiência vai ensinar que somente uma casa solidamente construída (ego forte e em contato com a realidade) pode lhes oferecer um abrigo suficientemente seguro, no qual podem sobreviver longe da proteção materna. P 184

Importante aqui é entendermos que Jung usou o conceito de símbolo de acordo com sua etimologia: sym=juntar, unir; balein=em direção a uma meta, um objetivo. P 184

Tomando a mitologia como ilustração, percebemos em Ariadne a imagem da anima, cuja promessa de amor não apenas inspira a luta de Teseu contra o Minotauro – o aspecto sombrio e monstruoso do herói -, mas também fornece-lhe o fio condutor para um retorno seguro para fora do labirinto. Ela é ao mesmo tempo a musa que inspira a luta heróica e a luz que aponta a saída da scuridão do inconsciente. Deusas, divas, pinups, modelos e artistas são o objeto dessa projeção arquetípica e inspiram desde sempre os feitos heróicos, artísticos e científicos que dão sentido à busca da individualidade. P 189

No Brasil, o complexo cultural mais evidente é o sentimento de inferioridade, presente nas relações dos brasileiros com o mundo exterior. A supervalorização do que é estrangeiro em detrimento do produto nacional, atitudes depreciativas identificadas em piadas e na falta de valorização de tudo que é nacional, têm contribuído em grande parte para a tolerância com a corrupção, a quebra da lei, os favoritismos e outros comportamentos espúrios por parte, principalmente, de figuras de autoridade (Ramos, “Corruption: symptom of a cultural complex in Brazil). Somente a consciência desse complexo, cuja raiz remonta à época do Descobrimento e da escravidão, possibilitará a recuperação da auto-estima, dando a real dimensão do valor da identidade brasileira. P 190

Na mitologia, como veio a dizer no livro aqui em foco, encontrava não só uma ampliação dos fundamentos da psicologia, como também um desdobramento, na forma de uma arqueologia da alma, do forte senso de unidade entre presente e passado. (A mitologia, na concepção de Jung) P 195

“um objeto ou um ato não se tornam reais senão na medida em que imitam ou repetem um arquétipo. [...] tudo aquilo que não tem um modelo exemplar é 'despido de sentido'. P 197

E, se a imago Dei é um reflexo da psique, outro elemento essencial das mitologias, qual seja, o herói, é o “ator da transformação de Deus no homem”. Ator que, no script típico de morte e ressurreição, tem afinidades simbólicas com o Sol, astro que, em seu percurso cósmico circular, “se liberta do abraço e do envolvimento, do seio abarcante do mar, subindo triunfante, deixando atrás de si o apogeu do meio-dia e toda sua gloriosa obra, e torna a mergulhar no mar materno, na noite que tudo cobre e tudo faz renascer. Esta imagem por certo foi a primeira a tornar-se, com toda razão, a expressão simbólica do destino humano”. P 200

Para Jung, é na segunda metade da vida que o indivíduo vai entrar em contato com os arquétipos, matrizes de comportamento enquanto espécie, do inconsciente coletivo. Isso se dá exatamente pelo processo de individuação, no qual ele discrimina quatro fases: em primeiro lugar a conscientização da persona (máscara através da qual o indivíduo se relaciona com o Outro e com o mundo), em segundo lugar com o confronto com a sombra (formada por conteúdos inconscientes que já deveriam estar na consciência), em terceiro lugar o encontro com a anima (para o homem) ou com o animus (para a mulher) – arquétipos que trazem à consciência sua contraparte-e, finalmente, o encontro com o Self (ou si-mesmo), representado pelos arquétipos do velho sábio ou da velha sábia. P 209

Assim, durante todo nosso desenvolvimento, o ego, ou centro da consciência, será estruturado por símbolos que vê dos arquétipos. P 209

Jung dizia que, geralmente, temos por amigos pessoas de tipologia semelhante à nossa, porém nos apaixonamos e nos casamos com pessoas de tipologia diferente e até mesmo oposta à nossa. P 211

O respeito à individualidade do outro é, portanto, não só aconselhável mas exigido no processo de análise, se não se quiser sufocar o desenvolvimento da personalidade do outro. “E eu acrescentaria: e da própria! P 215



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